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Metonímia: saiba tudo sobre essa figura de linguagem

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A língua portuguesa é cheia de surpresas e nuances. A metonímia é uma delas. Apesar de ser muito popular, ela pode ser pouco comentada. Por isso, esse texto abordará as diversas formas que essa figura de linguagem pode ser usada no dia a dia. Com isso, você saberá como enriquecer cada vez mais os seus textos com o uso dela.

Continue a leitura para saber mais sobre identificar e como utilizar a metonímia!

O que é a metonímia?

A palavra “metonímia”, como muitas das utilizadas hoje em dia na língua portuguesa, é derivada do grego. Em sua forma original, quer dizer algo como “mudança do nome” ou “além do nome”.

Este tipo de figura de linguagem, portanto, tem uma função muito próxima àquilo que sua definição grega propõe. Ou seja, ao fazer o uso da metonímia, o nome de alguma coisa é substituído por uma palavra que tenha uma relação próxima à coisa em questão. O que, na realidade, é algo que fazemos o tempo todo, todos os dias.

É importante notar, porém, que esta figura de linguagem não deve ser confundida com a metáfora. Embora ambas trabalhem com uma espécie de substituição de palavras dentro da oração, a forma como isto é feito é diferente.

Na metonímia, a substituição deve ser sempre feita de forma que as ideias têm um sentido de proximidade, como veremos em alguns dos exemplos abaixo. Enquanto isso, na metáfora, um termo que de outra forma não se encaixaria em uma frase pode ser usado com uma mudança de sentido.

Exemplos de metáforas para comparação

  • As chuvas do início do ano no Rio de Janeiro pareciam um dilúvio.

Aqui, como se pode notar, foi utilizada uma metáfora. Conhecida como hipérbole, a palavra “dilúvio” aborda a ideia bíblica de que quase todo o mundo teria sido coberto por água. O exagero (hipérbole) é usado para demonstrar que choveu muito.

  • Ela morreu de inveja quando soube que abracei o artista!

Assim como no exemplo anterior, a utilização da hipérbole serve para dar mais força à ideia da frase, ou seja, para demonstrar uma acentuação da inveja sentida pelo sujeito da frase.

  • O namorado foi mesmo um cachorro de fazer isso com ela.

Neste caso, o termo “cachorro” é utilizado para demonstrar que o namorado teve alguma atitude errada.

  • Ela é uma gata!

Novamente, um adjetivo (“bonita”) é substituído por um animal. Isso porque algumas características dos felinos costumam ser ligadas à beleza.  

  • Hoje o dia amanheceu triste.

Na personificação, o sujeito, “dia”, assume a capacidade de sentir algo intrinsecamente humano, a “tristeza”. O que é algo impossível. Ao dizer que o dia amanheceu triste, deseja-se apenas mostrar que algo pesaroso aconteceu e muitos poderão se entristecer com isso. Ou seja, esta é uma forma de metáfora.

Mas e a metonímia?

Esta também pode ter algumas subdivisões específicas, assim como falamos anteriormente da metáfora. A sinédoque, por exemplo, já foi considerada uma espécie de figura de linguagem à parte. No entanto, hoje em dia, a maior parte dos gramáticos concorda que ela é apenas uma espécie de metonímia. Mesmo porque, sua função é muito semelhante.

Sinédoque

Também variando do grego, a palavra “sinédoque” quer dizer “entendimento simultâneo.” É considerado sinédoque quando uma palavra que representa uma parte serve para designar o todo ou, ainda, quando uma palavra que representa o todo é usada para representar a parte.

O movimento sem-teto, por exemplo, tem em seu nome uma espécie de sinédoque. Embora sejam designados apenas sem-teto, o teto, neste caso, representa toda a estrutura. O movimento representa aqueles que não têm um lugar onde morar, não aqueles que não têm apenas uma parte da moradia (o teto).

Isso também pode ser expressado em outros termos, como quando falamos o nome de um criador para falar sobre a sua obra ou, ainda, de uma posição para falar sobre um local.

  • Hoje eu vou ao médico.

O médico é o profissional que pratica medicina. Quando se usa essa construção, não é ao médico em si que a pessoa se refere. Afinal, ela vai ao hospital ou à clínica (local), não ao médico (posição).

O mesmo se aplica abaixo:

  • Ela foi ao cabeleireiro.

Novamente, ela foi ao salão. Aqui, o local se torna subentendido pela posição do profissional (cabeleireiro).

  • Eu adoro assistir Steven Spielberg.

Aqui troca-se a criação pelo criador. Gosta-se de assistir os filmes do diretor Steven Spielberg, não o diretor em si.

  • Neste semestre vamos estudar Machado de Assis na aula de Literatura.

Assim como nos casos anteriores, refere-se à obra de Machado de Assis, não ao autor em si.

Metonímia

Outros exemplos

Ainda existem outras formas de usar esta figura de linguagem além das citadas anteriormente. Por exemplo:

  • Hoje na academia ele decidiu puxar ferro.

Hoje, na academia, ele decidiu fazer um exercício em que o equipamento utilizado é feito, em grande parte, de ferro. Troca-se a matéria-prima pelo todo.

  • Lancelot é a melhor espada do rei.

Neste caso, troca-se o instrumento por quem o utiliza. Lancelot é o melhor guerreiro do rei.

  • Ela comeu todo o prato!

A troca do continente pelo conteúdo também faz parte deste tipo de figura de linguagem. Ela não comeu o prato (continente), mas sim toda a comida (conteúdo) que havia nele.

  • Ontem eu fui na Roberta.

Aqui, a metonímia troca a moradora pela morada. Não se foi à Roberta, mas sim à casa dela.

  • Isso tudo foi fruto do suor dos meus pais.

O suor, aqui, representa esforço.

  • Ela disse para colocar bombril na lista de compras.

Um dos casos mais comuns é a troca de uma marca por um produto. Bombril nem sempre se refere especificamente à marca, mas sim à palha de aço no geral.

O mesmo acontece com danone, leite-moça ou maisena. Estes são comumente utilizados para representar iogurte, leite condensado e amido de milho, respectivamente, apesar de serem marcas.

Considerações finais

Como é possível perceber, nós usamos a metonímia sem perceber várias vezes ao longo dos nossos dias. Esta é uma das figuras de linguagem mais comuns e, por isso, muitas vezes é possível que as pessoas tenham dificuldade na sua identificação.

Portanto, quando houver a necessidade de identificar a metonímia em um texto, lembre-se de analisá-lo detalhadamente para não deixar escapar despercebidas frases de uso comum.


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