Início » Ciência » Permiano-Triássico, ou “A Grande Agonia”: a maior extinção em massa já ocorrida

Permiano-Triássico, ou “A Grande Agonia”: a maior extinção em massa já ocorrida

Compartilhe!

Conhecer o passado é muito importante para prever o futuro. É como se a história andasse em círculos, de tal forma que, vez por outra, repete fatos já conhecidos lá de trás. E isso ocorre também na geologia, o que exige que se conheça a história da formação de nosso planeta Terra para que evitemos – se isso for possível – tragédias futuras. E a maior de todas ocorreu no período Permiano-Triássico, há 252 milhões de anos.

É, parece muito tempo, não é mesmo? Mas, em termos da formação da Terra – e do mundo -, isso é equivalente a um segundo de tudo o que se conhece a respeito. Esse período Permiano-Triássico é também conhecido como ‘A Grande Agonia’, porque calcula-se que destruiu entre 80% a 90% da vida marinha e terrestre do planeta.

Cientistas ainda buscam as causas

E não vá confundir com a extinção conhecida do período Cretáceo-Paleógeno, responsável pela extinção dos dinossauros da face do planeta – este aconteceu faz pouco tempo, há ‘apenas’ 65 milhões de anos. O período Permiano-Triássico, portanto, é bem mais antigo e anterior à vida dos dinossauros no globo terrestre. E estas são apenas duas das quatro extinções de vida que se conhece na história da Terra, graças a fenômenos geológicos.

Estes são fenômenos que ainda estão sendo estudados pelos cientistas, em todos os cantos do mundo – inclusive aqui no Brasil. Por isso mesmo, ainda não há uma prova definitiva sobre as razões que levaram à destruição do Permiano-Triássico.

Erupções durante 1 milhão de anos

As teorias são equivalentes à destruição dos dinossauros no Cretáceo-Paleógeno e vão desde o impacto que pode ter sido desencadeado na Terra com a queda de algum cometa ou, mesmo, planeta, na superfície terrestre. Mas, há também os cientistas que teorizam acerca de erupções vulcânicas sucessivas, concentradas de forma especial na atual Sibéria, Rússia. Ou, até mesmo, a combinação desses dois fatores.

Pesquisas – ainda em andamento – indicam que essas erupções vulcânicas, extremamente poderosas, tiveram mesmo seu epicentro na atual Sibéria e prolongaram-se por aproximadamente um milhão de anos, o que quase levou à extinção da vida no planeta.

Vestígios ainda restam na Sibéria

A recuperação da vida foi bastante lenta e, depois de alguns milhões de anos de nova evolução, chegamos à atual formação de vida na Terra. Ou seja, tudo o que restou de vida daquela época – incluindo os dinossauros, que só nasceram depois – é descendente da vida remanescente da grande extinção do período Permiano-Triássico.

Na Sibéria, os vestígios estão nos Trapps, que constituem a base do solo local, formada por basalto constituído a partir do magma resfriada e solidificada.

Esses seres também habitaram o Brasil

Mas, lembre-se que, naquele período – há pouco mais de 250 milhões de anos -, a Terra não tinha a formação geológica como a conhecemos hoje. A atual América do Sul ainda estava ligada à atual África, constituindo um supercontinente que os cientistas chamam de Pangeia. Daí a importância das pesquisas que ainda têm continuidade para que se conheça melhor esses fenômenos de destruição natural.

Aqui no Brasil, há regiões que foram habitadas por animais desses períodos e cujos fósseis começam a ser descobertos agora. Em Aceguá, região próxima a Bagé, no Rio Grande do Sul e na fronteira com o Uruguai, um desses sítios foi descoberto há poucos anos por quatro cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Passeio de carro de Bagé a Johannesburgo

Os animais ali fossilizados viveram – e morreram – há aproximadamente 265 milhões de anos, durante, portanto, o período Permiano-Triássico. Esta região ainda era constituída pelo supercontinente Pangeia, o que fez um dos cientistas brincar com as distâncias. “Era possível ir de carro de Bagé a Johannesburgo, na África do Sul”, brincou com repórteres.

A essas duas grandes extinções de animais na Terra, os cientistas acrescentam ainda outras duas reveladas por sucessivas pesquisas em todas as partes do globo terrestre. São a extinção do Ordoviciano e a do Devoniano.

Mais dois períodos de extinção

A extinção do Ordoviciano ocorreu entre 450 e 440 milhões de anos, portanto, é ainda anterior à extinção do Permiano-Triássico. Ela teria sido responsável pela extinção de 60% de todos os seres invertebrados que habitavam os oceanos na época. Suas causas ainda são discutidas, mas, acredita-se que foi provocada por uma drástica redução do nível dos oceanos, devido a geleiras, seguida do aumento do nível pelo posterior derretimento dessas geleiras.

A extinção do período Devoniano ocorreu há aproximadamente 365 milhões de anos e foi responsável pela extinção de 75% da vida no planeta. Sua causa principal também ainda é desconhecida, mas, os cientistas a atribuem a uma série de causas em vez de uma única.

Os males do homem, a nova ameaça

Todas essas pesquisas têm o objetivo de conhecer, com o maior detalhamento possível, as causas que levaram seja à extinção dos dinossauros, que é mais recente (65 milhões de anos), até à grande e maior destruição de que se tem notícia, a Permiano-Triássico, há 252 milhões de anos.

Conhecer essas causas pode, quem sabe, evitar que outra tragédia se repita, principalmente agora que o planeta é habitado por seres vivos inteligentes – e que podem estar provocando a nova catástrofe.

Poluição atmosférica preocupa muito

E é isso justamente o que mais vem preocupando os cientistas do nosso tempo. É que o dióxido de carbono na atmosfera chegou, atualmente, a níveis absurdos e jamais visto nos últimos milhões de anos, o que, em termos geológicos, é significativo. Em apenas cinco gerações de vidas humanas, pode-se chegar aos piores níveis para a atmosfera terrestre, alertam os cientistas. E isso devido à poluição.

Os índices atuais, segundo indicam as pesquisas, estão bem próximas daquelas obtidas há 56 milhões de anos, quando também ocorreu uma das maiores mortandades de que se tem notícia na Terra.

A nova catástrofe anunciada

Dizem os cientistas que não é nada bom pensar que é possível repetir o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno conseguido, em boa parte devido à erupções vulcânicas, naquele período. O dióxido de carbono chegou a fazer a terra aquecer entre 5º C e 8º C acima de seus níveis normais. Naquela época, o Atlântico Tropical teria 36º C de temperatura e metade dos organismos microscópicos que habitavam os mares desapareceram.

Além de muitas das espécies que habitavam em terra. Os estudos revelam que o planeta levou aproximadamente 150 mil anos para recuperar a vida anterior. Esta é, portanto, a principal razão para que se estude o passado da história da Terra – tentar impedir que o próprio homem seja a causa da nova catástrofe no futuro. Que, segundo os cientistas, estaria a apenas cinco gerações de acontecer – ou cerca de um século.


Compartilhe!