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Tem ou têm: quando usar cada palavra?

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A língua portuguesa é bem complexa – acho que isso não é segredo para ninguém –, e por conta dessa característica é bem comum que várias pessoas cometam alguns erros pequenos, mas que no fundo são crassos. Um exemplo disso é quanto à acentuação de verbos, principalmente naqueles casos em que dependendo da situação ele é ou não acentuado. Por exemplo, com relação à conjugação ter, que pode ou não receber acento circunflexo quando conjugado na terceira pessoa, resultando em tem ou têm.

Ora, não é preciso de muito para perceber que há uma diferença clara entre eles. O problema é que muitas pessoas têm (olha ele aí) dificuldades de entender porque existe essa variação e quando é para aplicar o verbo com e quando se deve utilizá-lo sem o acento circunflexo. Por mais que pareça um assunto difícil, ele é tão simples como reparar que tem ou têm são visualmente diferentes.

Tem e têm são dois verbos que estão conjugados no presente do indicativo (aquele utilizado para retratar algo que ocorreu no exato momento da fala). O que difere um do outro é a pessoa em que eles foram conjugados. Enquanto tem está na 3ª pessoa do singular, têm está na 3ª pessoa do plural. E é aí que acabam as diferenças entre eles.

Um texto muito famoso que deixa essa regra bem clara é a “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, um dos grandes nomes brasileiros do início do Romantismo no país. Veja um trecho que foi extraído da obra do poeta:

“Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores.”

Você reparou que o verto “ter” aparece em três dos quatro versos do trecho acima de “Canção do Exílio”, correto? Enquanto no primeiro deles a conjugação não possui acento circunflexo, nas outras duas há a presença do acento. Tudo tem haver com o sujeito em questão. No primeiro verso, o sujeito é “Nosso céu”, que está no singular. O que não é o caso dos demais sujeitos, “Nossas várzeas” e “Nossos bosques”, ambos no plural.

Então, para eles, é necessário que se coloque o acento circunflexo para que o texto fique adequado às normas cultas da língua portuguesa, mesmo com a reforma ortográfica realizada em 2009 e que em nada mudou o que já era determinado para a conjugação desse verbo no presente do indicativo. Vamos a mais alguns exemplos:

  • Rodrigo tem cinco anos de idade.
  • Marcela e Ana têm cinco anos de empresa.
  • Ela tem um lindo sítio no interior.
  • Eles têm apartamento em um condomínio de luxo.

A mesma regra vale para o verbo “vir”

O bom de aprender a regra de conjugação do presente do indicativo do verbo “ter” é que de quebra você já toma conhecimento de como se deve conjugar o verbo “vir” no mesmo tempo verbal. Ou seja, ele não possui acento circunflexo na 3ª pessoa do singular, sendo obrigatório o seu uso somente quando o sujeito da oração está na 3ª pessoa do plural. Veja:

  • (Eu) tenho/venho
  • (Tu) tens/vens
  • (Ele) tem/vem
  • (Nós) temos/viemos
  • (Vós) tendes/vindes
  • (Eles) têm/vêm

Tem ou têm

E como fica a conjugação dos verbos derivados de “ter”?

Os verbos derivados de “ter” (obter, conter, manter, deter) seguem a mesma regra do tem ou têm – o mesmo vale para os derivados de vir (provir, intervir). Quando estas derivações possuírem um sujeito que está no singular, não se deve utilizar o acento circunflexo. A diferença está somente na hora de conjuga-los na 3ª pessoa do singular, onde, é necessário que se utilize o acento agudo, como nos exemplos:

  • O empresário detém o lucro;
  • Os empresários detêm o lucro;
  • Esse suco contém muito sódio;
  • Esses sucos contêm muito sódio;
  • Quem estuda obtém boas notas;
  • Os que estudam obtêm boas notas;
  • A Polícia intervém nesse tipo de situação;
  • Os policiais intervêm nesse tipo de situação.

Por que a reforma ortográfica não mudou as regras do verbo “ter”?

É verdade que a reforma ortográfica realizada em 2009 mexeu bastante com a acentuação de várias palavras das mais diversas classes gramaticais, incluindo alguns verbos. Porém, os idealizadores da reforma usaram alguns critérios para que fizesse mais sentido que essas regras fossem mudadas depois de tantos anos permanecendo iguais.

No caso da conjugação do verbo “ter” na 3ª pessoa do plural, quando no presente do indicativo, eles entenderem que não era o momento de mudar a sua norma quanto à acentuação, deixando exatamente como era antes.

Existe teem?

Foneticamente, teem ( assim como têem) parece soar certo como o plural de “tem”, mas a verdade é que isso não é verdade. Pelo contrário, mais do que não estar de acordo com a ortografia correta da língua portuguesa, o erro é bem grave. Em nenhum caso, teem pode ser aplicado para expressar qualquer coisa, até porque a palavra nem existe em nosso vocabulário. Portanto, sempre que precisar conjugar o verbo “ter” nestas condições, basta acrescentar o acento circunflexo em “têm” que já está tudo certo!

Segundo o novo acordo ortográfico, só os verbos “dar”, “ver”, “ler” e “crer” permanecem com a terminação na 3ª pessoa do plural em “eem”. Mesmo eles que possuem o “e” duplicado não devem receber acento em nenhuma das duas vogais que aparecem no fim da palavra após a conjugação neste tempo verbal específico.

Depois dessa explicação ficou mais fácil saber quando usar tem ou têm, não é mesmo? É tão simples aprender em quais casos cada um deles deve ser utilizado que nem é necessário criar aqueles pequenos truques de decoração para se lembrar quando estiver diante de uma situação em que surja a dúvida acerca do acento circunflexo. Basta memorizar que um serve para o singular e o outro para o plural. Se gostou desta dica, não deixe de conferir as outras que temos em nossa sessão de ortografia para ficar uma fera na língua portuguesa.


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