A língua portuguesa é cheia de situações que parecem pequenas armadilhas, e uma delas é a relação entre “se quer e sequer”. Embora sonoramente sejam idênticas, as duas expressões possuem usos absolutamente distintos. Gramaticalmente falando, se quer e sequer não possuem nenhuma relação – são categorias diferentes de palavras, e são utilizadas de maneiras distintas.
Diferentemente de outras situações, em que há forma correta ou não de utilização, este caso depende do objetivo da comunicação. Por serem coisas muito diferentes na língua portuguesa, apesar da aparente semelhança, é importante dominar o uso de cada uma dessas situações. Assim, você evita erros bobos que são – na prática – muito simples de serem compreendidos.
Entenda a diferença entre se quer e sequer, e qual a maneira adequada de sua utilização:
Se quer e sequer: qual o correto?
Acabamos de mencionar isso, mas nunca é demais repetir essa informação, considerando que as dúvidas geralmente giram em torno da opção binária de “certo e errado”. Neste caso não é assim: se quer e sequer podem, ambos, estar certos ou errados, tudo depende de sua utilização.
O que nunca vai acontecer na língua portuguesa, no entanto, é existir uma situação em que as duas expressões sejam adequadas em um mesmo local. Por isso, a resposta para responder qual dos dois é correto sempre é “depende” e nunca é “tanto faz”.
Sequer
A palavra sequer é um advérbio. Trata-se de uma palavra única e não possui nenhuma relação gramatical com a expressão “se quer”. Ela possui o sentido semelhante a “nem mesmo” ou “ao menos”, e possui qualidade de negação reforçada.
Ela pode ser utilizada em casos como:
“A falta de água aumenta, e sequer há previsões de chuva para aliviar um pouco a situação.”
“Preciso pagar a mensalidade de abril, mas não paguei sequer a mensalidade de março.”
Se quer
A expressão “se quer” é composta pela união da conjunção “se”, propondo uma condição, com o verbo “querer”. Ela é equivalente a algo como “se deseja”, e obviamente tem seu uso correto em situações condicionais.
Vale considerar que “se quer” nem sempre é a melhor opção, uma vez que a utilização de “se quiser” é gramaticalmente mais adequada. Em geral, o “se quer” é utilizado na linguagem cotidiana, e não em contextos formais, para as situações em que se usa a terceira pessoa do singular – “ele/ela” e, de maneira informal, com o “você”.
Por isso, pode-se pensar em exemplos como:
“Se quer passar no vestibular, ele precisa estudar mais.”
“Se quer saber o que estou fazendo, pode perguntar.”
Vale perceber, no entanto, que o uso do se quer – nestes exemplos – seria facilmente substituído por “se quiser”, e pareceria mais adequado.
A diferença ficou clara?
É importante que você tenha em mente a diferença entre se quer e sequer. Uma boa regra quando estiver em dúvida, agora que você leu todo o conteúdo, é pensar “eu poderia substituir este sequer/se quer por um “se quiser”. Se a resposta for não, provavelmente você está querendo utilizar o “sequer”. Se for sim, trata-se de um contexto para o “se quer”, e a substituição deve ser, de fato, considerada.
Magnífico! Obrigado.