É comum pensarmos que todas as escolas seguem um mesmo padrão de ensino, de metodologia, em razão da maioria adotar o modelo chamado de escola tradicional, o modelo que você está mais familiarizado e provavelmente já deve ter passado: aulas das disciplinas principais, separadas por tempo determinado, ministrados por professor para uma sala de alunos dispostos em carteiras frente a uma lousa e que são submetidos a avaliação em provas periódicas. No entanto existem outros métodos de ensino que são empregadas em escolas brasileiras, como o método construtivista, montessoriano, freinet e o método de ensino Waldorf.
Cada um, naturalmente, foi idealizado para atingir o mesmo fim, o aprendizado, o desenvolvimento dos alunos, mas por caminhos diferentes, caminhos que podem diferir bastante da escola tradicional, como o método de ensino Waldorf, por isso é interessante se informar sobre esses métodos para que não sinta pego de surpresa, ou acredite que tenha sido enganado pela escola.
Vale destacar que esses modelos alternativos, são modelos que são empregados em várias escolas espalhadas pelo mundo, na Europa inclusive, e recebem aprovação da United Nations Educational , Scientific and Cultural Organization ou Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O foco deste artigo do Vou Passar é o método de ensino Waldorf, explicaremos os princípios na qual se baseia sua metodologia, as diferenças para o modelo tradicional, como são feitas as suas avaliações e as atividades exercidas dentro dessa filosofia de ensino.
Para saber mais sobre o método de ensino Waldorf, siga na leitura!
O método de ensino Waldorf
Inspirados no conceito da antroposofia, filosofia que foca no aprendizado reunindo elementos da razão e das necessidades espirituais humanas, desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), o método de ensino Waldorf foca no individuo, no aluno, pela convicção de que todos os seres tem necessidades, capacidades únicas, propiciando um ambiente que seja favorável a inclusão e o desenvolvimento de habilidades dos mais diversos tipos de pessoas.
O planejamento das aulas, da formação dos alunos dentro desse sistema de ensino, é dividido em ciclos, ciclos divididos por 7 anos, 0 a 7, 8 a 14, 15 a 21, onde se busca priorizar o desenvolvimento de capacidades necessárias para a idade dos alunos.
Por exemplo, no primeiro ciclo, que abrange do 0 a 7 anos, foca-se em atividades que desenvolva habilidades motoras, conhecimento nessa faixa etária que se traduz em aplicações mais práticas do que se aprende na escola, mais ao alcance das tarefas que uma criança pode exercer nessa idade. A partir do segundo ciclo, se investe na alfabetização, por exemplo, já que as crianças terão mais condições, discernimento de absorver conteúdos mais complexos e processar melhor as informações.
No primeiro ciclo, todas as aulas são ministradas por um tutor que fica responsável de analisar o desenvolvimento da criança. Nas demais etapas surgem professores para matérias específicas, mas a figura do tutor continua presente.
As diferenças da escola tradicional
As diferenças do método de ensino Waldorf em relação a escola tradicional vão desde do modo de se passar o conteúdo aos alunos à disposição das carteiras em sala.
Ao que concerne a transmissão de conteúdo, o método de ensino Waldorf se caracteriza por atividades interdisciplinares. As aulas não são divididas por tempo determinado, como “primeira aula de 45 minutos, português, segunda aula, matemática”.
Não.
As atividades que envolvem não só as matérias principais como história, português, matemática e ciência, mas conteúdos artísticos, como dança, teatro, pintura etc, podem abordar diferentes temáticas ao mesmo tempo, constituindo aulas interdisciplinares.
É comum no método de ensino Waldorf a ideia de ciclos de aprendizagem tanto no que diz respeito a formação do indivíduo como um todo, mas também no seu aprendizado diário. Ocorre de se dedicar ciclos inteiros, semanas, meses focando em apenas um tipo de atividade que aborda algumas disciplinas e depois começar outros trabalhos que se exploram mais temas com a abertura de outros ciclos que podem voltar a debater temas passados, mas com outro viés, em outro formato.
Entende-se que esse modelo facilita para o aluno se familiarizar com os temas, com as disciplinas quando são tratadas de formas orgânicas dentro de uma atividade exercida e por período prolongado e não de forma imposta e muitas vezes sem contexto com nenhuma atividade prática para os alunos, o que torna o processo de aprendizado mais enfadonho, repetitivo e por isso desinteressante para as crianças.
Outra diferença se verifica na organização da sala de aula. Sai o modelo de fileiras viradas de encontro ao quadro negro e entra mesas circulares ou típicas de refeitórios, que favorece maior interação entre os alunos. Por isso não estranhe achar que a escola se trata de uma grande sala de artes ou de leitura, onde normalmente nas escolas tradicionais se inserem esse tipo de sala, faz parte do método de ensino Waldorf.
Avaliações
No método de ensino Waldorf não ocorrem avaliações como nas escolas tradicionais, não há exames onde reprova ou não o aluno, o que se tenta avaliar é o desenvolvimento do educando ao longo de um período. O tutor realiza trimestralmente relatórios apontando para os pais o comportamento do aluno em sala de aula.
Euritmia
Outro traço marcante do método de ensino Waldorf que o distingue da escola tradicional é a técnica de ensino que se utiliza do uso da dança, do movimento para associar movimentos do corpo a fala conhecida como euritimia.
A euritmia é a linguagem e a música em movimento enquanto o corpo faz gestos. Foi também desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner no começo do século XX.
Não é o caso dos alunos aprenderem o conteúdo desenvolvido em sala de aula por meio de acrobacias, piruetas etc, mas são estimulados desde o primeiro ciclo a falarem sobre as lições que aprendem estando em movimento, praticando uma das modalidades de euritimia, a euritmia pedagógica.
Um texto ou uma poesia são acompanhados de gestos simples e fortes provocando no aluno uma profunda experiência interior. É como se o aprendizado ocorresse durante um ensaio para um grande musical.
Segundo os especialistas da área da educação, a prática é benéfica ao aluno por fazê-lo se concentrar mais nas atividades que exerce, já que deverá combinar movimentos do corpo com os de raciocínio, o que exige autodisciplina, além de fazê-lo melhorar a sua percepção em relação ao outro, aos colegas que divide o espaço.
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