A primeira coisa que você precisa fixar é que nossa linguagem escrita é permeada por sinais de pontuação. E que estes sinais gráficos são importantes auxiliares da escrita, pois cada um tem uma função de destaque para tornar os textos mais fáceis de entender. Os dois pontos são um desses sinais gráficos, usados para acentuar a pausa em uma frase que ainda não foi devidamente concluída.
Ou seja, os dois pontos são auxiliares importantes para dar maior clareza em um texto escrito. Ou, em um discurso falado, ajuda a enfatizar uma explicação que completa a afirmação anterior. Veja exemplos:
- As pessoas precisam entender: preservar as florestas é cuidar da vida.
- Meus senhores: este é o momento da nossa história.
Torna a leitura mais fácil de entender
Sempre que houver a necessidade de fazer uma pausa na frase, provocar um destaque ou simplesmente dar mais entonação a um texto ou discurso, os dois pontos podem ou devem ser o recurso a ser utilizado para configurar bem o texto. Num discurso oral, os dois pontos – no texto escrito – auxilia a enfatizar sentimentos e a destacar o ritmo do que se quer transmitir.
Os dois pontos são importantes para tornar a leitura mais fácil de entender e atua de forma simples para explicar sentidos ambíguos de ideias a serem explicitadas, dando mais clareza à leitura ou ao texto.
Começou com bibliotecário de Alexandria
Conforme nos relatam os historiadores, a pontuação na escrita é bastante recente, ganhando destaque maior a partir da Idade Média e grande difusão, na verdade, a partir do surgimento da imprensa, que popularizou os livros e a leitura. Mesmo assim, existem sinais de pontuação desde os antigos gregos e latinos.
Zenódoto de Éfeso, que viveu entre 320 e 240 A.C. e era responsável pela biblioteca de Alexandria, no antigo Egito, teria sido o primeiro a fazer a separação de textos em espaços. A fase seguinte da escrita foi usar esses espaços para colocar a pontuação conforme exigia a ênfase do texto.
Casos mais comuns para os dois pontos
Como regra geral, pode-se afirmar que se utiliza os dois pontos nas seguintes situações na frase antes de:
- Quando fazemos uma enumeração;
- No emprego do discurso direto;
- Ao fazermos um esclarecimento, explicação, resumo;
- Em casos em que se faz citações;
- Para dar informações, como notas ou observações;
- Para vocativos iniciais de comunicação;
- E em caso de orações opositivas.
Exemplos mais comuns desta pontuação
Vamos ver como isso ocorre com os dois pontos em cada uma dessas situações:
- Enumeração – “Vamos começar o jogo com: Antônio, Carlos, Felipe, José e Alípio”.
- Discurso direto – “Quando o animal já estava cansado, eu gritei: chega, basta!”
- Esclarecimento – “Vou repetir: a tarefa é para ser realizada em grupo”.
- Citações – “Júlio César resumiu assim: Vim, vi, venci”.
- Informações – “Vou lhe mostrar: siga até a igreja e dobre à esquerda”.
- Vocativo inicial – “Senhores jurados: este homem…”
- Orações opositivas – “Vou falar a verdade: este segredo está me consumindo”.
Quando as maiúsculas vêm depois
Existem algumas questões importantes que precisam ser levadas em consideração quando se usa os dois pontos. Uma delas é que jamais se usa dois pontos depois de outro sinal de pontuação. Outra observação relevante é que, após os dois pontos, quase sempre vem letra minúscula, pois eles não terminam frases, executam apenas um papel intermediário na frase.
Mas, existem as exceções, como é o caso de citações, como descrito acima. Outras situações em que se usa letra maiúscula após os dois pontos ocorrem quando:
- Há mudança de parágrafo – “O homem apontou a arma e gritou:
– Isto é um assalto”.
- Quando existem, após os dois pontos, trechos longos, às vezes em mais de uma alínea.
- E no caso de substantivos próprios, que seriam normalmente grifados com maiúsculas – “Ele chegou e disse: Pedro, vem até aqui”.
Expressões que ‘chamam’ os dois pontos
Uma situação bem comum que aparece em textos diversos é a confusão do emprego dos dois pontos com o ponto e vírgula. Se você fixar bem os exemplos acima, não terá mais confusões. Além das situações descritas acima, há outras em que se deve empregar os dois pontos em textos. Isso ocorre após expressões como ‘tais como’, ‘isto é’, ‘a saber’, ‘como’. Veja exemplos:
- “Identificamos várias árvores frutíferas, tais como: laranjeira, pessegueiro, limoeiro, etc”.
- “Precisamos de muitos utensílios, a saber: martelo, alicate, pregos, etc”.
Dois pontos integram e completam a frase
Essa questão da diferenciação de quando se deve colocar na frase os dois pontos ou o ponto e vírgula gera muita dúvida, tanto em estudantes como nas pessoas geral. Você precisa fixar que os dois pontos geram uma pausa, uma certa interrupção no texto. Se você fizer a leitura em voz alta, ficará bem mais fácil identificar os dois pontos e diferenciá-los do ponto e vírgula, quando a pausa é bem menor.
Além disso, lembre-se: os dois pontos são seguidos de uma explicação ou complementação da frase anterior. E integra essa frase, além de completá-la.
Poesia para cantar os dois pontos
O assunto é realmente complicado e costuma causar confusões. Tanto que a professora Maria Marlene, residente da cidade paraense de Tucuruí e especialista em língua portuguesa e que também adora e escreve sobre poesias, fez uso do seu blog “Só Poemas” para ajudar-nos a entender melhor essas situações. Ela escreveu um poema sobre pontuação na língua portuguesa e veja o que disse sobre os dois pontos:
“Agora, eis os Dois Pontos (:)
Úteis para introduzir fala,
Citação e pensamento!
Explica também a ideia anterior,
Com muito esclarecimento”.
Não se esqueça das exceções
Ou seja, é preciso levar sempre em consideração que os dois pontos serão sucedidos com uma explicação da frase anterior – completa e explica a frase anterior. E, como não encerra a frase, mas, trata-se de um processo intermediário, é quase sempre seguida de letra minúscula.
Com aquelas exceções já descritas, como é o caso de citações ou nomes próprios, que normalmente já seriam escritas com maiúsculas. Fácil, não?
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