Há uma maneira bastante fácil e original para você descobrir se está lidando com uma interjeição. Ela quase sempre vem seguida de um ponto de exclamação e, sempre, é a expressão de um sentimento ou estado emocional que o autor está sentindo naquele momento. Ela é a expressão desse estado emocional.
No caso do ponto de exclamação, quase sempre está logo após a interjeição, ou, então, ele pode colocar-se no final da frase, quando, então, recebe o nome de locução interjetiva. Veja os dois exemplos:
- Oh! Meu Deus, que temporal!
- Saio antes do temporal. Meus amigos, até breve!
A vez da locução interjetiva
Na primeira frase, a expressão oh! Indica o estado emocional do autor sobre a situação do tempo, que não lhe parede boa. E, na segunda, trata-se de uma locução interjetiva, situação na frase em que a interjeição está expressa em mais de uma palavra – até breve!. O ponto de exclamação, nesse caso, fica no final da frase e toda ela expressa a vontade de que os amigos se encontrem em um tempo breve.
Perceba que, nos dois casos, há a expressão de um sentimento por parte do autor, mesmo que em apenas duas letras. Seja numa expressão curta ou numa pequena frase (locução interjetiva), o significado ou sentido da interjeição vai depender, muito, do contexto em que ela é pronunciada ou, até mesmo, da entonação da voz conforme é proferida pelo autor.
Uma interjeição, dois significados
Neste caso, uma mesma palavra ou expressão pode ganhar significados diferentes, dependendo exatamente desse contexto em que é pronunciada. Veja exemplos:
- Psiu! Faça silêncio, estamos num hospital!
- Ei, psiu! Preste mais atenção ao trânsito!
A palavra psiu! é a mesma, escrita exatamente com a mesma grafia. Mas, com significados completamente diferentes. A unir as duas e defini-las como interjeição, está o ponto de exclamação, o elo que faz com que seja possível entendê-las e classificá-las como interjeição.
O canto lindo de Cecília Meireles
Exatamente por expressarem um sentimento ou um estado de espírito do momento, os poetas são pródigos em utilizarem a interjeição para dar vazão ao que pretendem transmitir nos versos que escrevem. Uma das mais famosas está no poema “História”, do livro “Viagem”, da consagrada poetisa brasileira Cecília Meireles. Escreve ela:
- Ai! Por mais que se ande, é certo:
– não se encontra o bem perfeito.
Ao anteceder com a expressão Ai! o seu desespero por viajar muito pela vida e, mesmo assim, ainda não ter encontrado o bem perfeito, ela expressa todo um sentimento de desespero diante da situação em que se encontra. Perceba que, sempre, a interjeição vai dar vasão a uma sensação ou estado emocional do autor.
Outra questão importante para não esquecer é que a interjeição é uma palavra invariável. Ou seja, não pode sofrer variações em número, gênero ou grau, como ocorre com os verbos.
Exceções que justificam a regra
Como toda regra tem exceção, também há neste caso uma situação em que a interjeição vai sofrer variação de grau devido à forma em que é empregada na frase ou expressão.
É o caso da expressão Até logo! que pode sofrer a variação Até loguinho! para ganhar uma forma mais carinhosa e amigável de falar. Ou o Bravo! na forma Bravíssimo!, em que há a vontade de dar ainda mais incentivo a quem está sendo aplaudido.
A poesia exalta a interjeição
E como falamos antes em poetas e como buscam na interjeição vários recursos para expressar seus sentimentos ou estado de espírito, há um poema, de Karl Marx Valentim Santos, cujo título é exatamente Interjeição. E todo ele é composto dessas expressões, em quase todos os seus versus. Começa assim:
- Ah! Lá vem ela bela
- Oh! Ri meu coração de satisfação
E como ele refere-se a um amor ao qual não tem coragem para se confessar, exalta-se de emoção quando ela toma a iniciativa:
- Te amo, disse sua boca
- Não resisti à vontade louca
- Gritei alto: ooooooooooooooba!
Expressão que resume sentimentos
Como já dito, as interjeições representam a expressão de sentimentos e, embora seja difícil qualificar ou, mesmo, quantificar todos os nossos sentimentos, alguns podem ser resumidos assim:
- Desejo – Oxalá! Pudera!
- Concordância – Sim! Pois não!
- Alegria – Oba! Viva! Ah!
- Alívio – Ufa! Arre!
- Advertência – Devagar! Cuidado! Atenção! Olha!
- Animação – Força! Coragem! Ânimo! Adiante!
- Desaprovação – Fora! Abaixo! Xi! Basta! Chega!
- Aprovação – Bis! Apoiado! Viva!
- Tristeza – Que pena! Ui! Oh! Ai!
- Contrariedade – Raios! Puxa! Céus! Caramba!
Substitui frases mais bem elaboradas
Ao exprimir emoções ou estado de espírito, a interjeição também pode atuar indicando à outra pessoa qual deve ser o seu comportamento, de uma forma simplificada. Veja exemplos:
- Poxa! Quando eu falar, vê se presta atenção!
Trata-se de maneira direta e sem nenhum subterfúgio para exprimir a raiva através de uma única expressão: Poxa! É claro que ele poderia ter falado de forma mais elaborada, com argumentos mais sofisticados, mas limitou-se à uma única expressão que, claramente, todo mundo entende.
Uma expressão simples que diz tudo
Ou seja, a interjeição tem essa facilidade de fazer-se entender claramente e de forma direta. Ao contrário do que exigiria toda uma argumentação mais sofisticada, com uma frase composta com todos os elementos que vão do sujeito ao verbo, passando pelo predicado, a interjeição diz tudo de forma simples e objetiva. Trata-se de uma linguagem bastante popular.
E de um recurso de linguagem quase instantâneo, em que a expressão ou estado de espírito momentâneo flui correntemente, quase sem pensar.
- Hum! Essa tua sobremesa está maravilhosa!
O hum! claramente exprime ou diz tudo, sem haver a necessidade de complementação através de uma frase explicativa. E se esse hum! vier seguido de expressões faciais que digam o que de fato está sendo sentido pelo sabor da sobremesa, aí sim não há a necessidade de complementação. A interjeição já diz tudo o que a pessoa está sentindo.
Mesma interjeição, sentimentos opostos
Enfim, a interjeição pode ser resumida, também, como a manifestação espontânea do sentimento humano. Ela sai ou flui da nossa boca sem a necessidade de pensar muito no que estamos falando. Oh! que sobremesa maravilhosa! Precisa dizer mais alguma coisa? É claro que não, está tudo muito bem detalhado, sem que seja preciso grandes detalhamentos linguísticos.
- Poxa! Hoje sim me dei muito bem!
- Poxa! Como pude me sair hoje tão mal?
Com a mesma interjeição, é possível até mesmo manifestar sentimentos completamente opostos. É a simplificação do linguajar humano, sem rebuscamento em frases pomposas. E se você perceber bem, todos nós usamos, todos os dias, muitas e diferentes interjeições. De todos os tipos.
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