O último presidente a passar a faixa presidencial para outro foi homem de muitas façanhas. Conseguiu ter o pior índice de popularidade desde a redemocratização (e tivermos cada figura no poder nesses anos que faz o páreo ser duríssimo), e conseguiu popularizar não a reforma da presidência, a reforma tributária ou a reforma trabalhista, mas a Mesóclise.
Popularizar… mais ou menos. Todo mundo começou a ouvir falar de Mesóclise ou apontar a Mesóclise, especialmente em tom pilhérico por se configurar um recurso linguístico a muito em desuso na linguagem oral, sendo por isso muito associado a pessoas antigas, antepassados de séculos passados, e por soar anacrônico.
A maioria das pessoas captou essa impressão de linguagem envelhecida e que a tal da Mesóclise era a responsável, mas será que o piadista do Twitter ou seu Damião do bar da esquina conseguem explicar ou identificar a Mesóclise?
“Eles eu não sei, mas eu… tenho que saber”.
Esse é o espírito, até porque não tem escapatória: Mesóclise, colocação pronominal, são figurinhas recorrentes nos vestibulares e, apesar de não ser um vampiro de verde e amarelo, confunde, quebra a cabeça de muito vestibulando que se assusta com os palavrões como Próclise, Ênclise, Mesóclise, pronomes oblíquos, futuro do pretérito do indicativo, conjunção subordinativa etc.
E se é assim que você se sente e quer acabar de uma vez com as dúvidas envolvendo Mesóclise e colocação pronominal, siga na leitura para derrubar esse obstáculo para a sua aprovação.
Confira!
Colocação pronominal
E para falarmos de Mesóclise é necessário abordar a colocação pronominal, pois a Mesóclise está situada como uma das categorias, das possibilidades de colocação pronominal.
A definição clássica: colocação pronominal é a sinalização dos pronomes pessoais oblíquos átonos na frase em relação ao verbo.
Xiii, já começou a complicar?
Calma, não deixe o palavrório cabeçudo te assustar. Vamos por partes. Não é uma sexta-feira 13.
O que deve ter começado a dá um nó na sua cabeça: pronomes pessoais oblíquos átonos.
Que raios são os pronomes pessoais oblíquos átonos?
Você já sabe que já estudou ou deveria ter estudado isso na escola, certo? Mas tudo bem. É realmente complicado colocar para dentro da cabeça todas essas nomenclaturas cabeludas.
Esses pronomes são monossílabos (termos que se equivalem a uma frase, como “sim”, “não”, “hã”) átonos (vogal, sílaba ou palavra que não tem acento tônico) que necessitam da tonicidade de palavras próximas para construir sentido.
Ainda está sentindo a cabeça meio esfumaçada com esse assunto?
Talvez a exposição desses pronomes lhe faça ter maior clareza sobre o que são exatamente.
Os pronomes pessoais oblíquos átonos:
- Me;
- Te;
- Se;
- Lhe;
- O;
- A;
- Lhes;
- Os;
- As;
- Nos;
- Vos.
Entende? Eles precisam se vincular a uma palavrinha para desempenhar alguma função na frase.
Então peguemos de novo a definição de colocação pronominal: colocação pronominal é a sinalização dos pronomes pessoais oblíquos átonos na frase em relação ao verbo.
Sinalização dos pronomes pessoais taralá-taralá…
Ou seja, é o trabalho de identificar a colocação desses pronomes na frase tendo o verbo como referência.
O que precisa saber?
Se o pronome, lembre-se, não é qualquer pronome, pronomes pessoais oblíquos átonos, está antes, no meio ou depois do verbo.
Essa tarefinha de identificação de pronomes é a colocação pronominal.
O foco desse artigo é o meio. O pronome no meio do verbo.
Para cada posição, antes, durante e depois, há uma designação.
Vejamos:
- Pronome pessoal oblíquo átono antes do verbo: Próclise.
- Pronome pessoal oblíquo átono no meio do verbo: Mesóclise.
- Pronome pessoal oblíquo átono depois do verbo: Ênclise.
A Mesóclise
Com o que já foi exposto, já sacou, em uma ideia geral, o que é a Mesóclise. Se está seguro disso, faça um pequeno experimento:
Pegue os discursos presidenciais do último presidente mais “querido” do país e tente identificar a Mesóclise. Depois leve para um professor e veja se acertou tudo.
Mas é prudente ter conhecimento de todas as regras para não ser pego em pegadinha de político e principalmente de vestibular.
Por exemplo: só é possível ocorrência de Mesóclise com o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
“Xiii, bagunçou de novo? Estava tão legal do jeito que estava. Porque sempre tem que vir essas paradas de pretérito do indicativo de fulano?”.
Relaxa cara. Você se deixa muito impressionar por essas expressões classudas. Não é nada de arrancar os olhos.
Veja:
Futuro do presente
O conceito de futuro e presente na mesma frase pode entortar um pouco sua cabecinha: como pode ser futuro se estou no presente, como pode ser presente se estou no futuro?
Para não ter erro se imagine falando com um interlocutor no presente, mas se referindo a um evento que está prestes a ocorrer, mas ainda não ocorreu. Exemplo:
“Me convidarão para participar da nova série da Netflix”.
E se você jogar esse “me” no meio do verbo “convidar”, mas este se mantendo no futuro do presente? O que você vai ter?
A Mesóclise!
“Convidar-me-ão para participar da nova série da Netflix”.
Entendeu a regrinha? Uma das situações possíveis de se ocorrer a Mesóclise é com o verbo no futuro do presente.
Futuro do pretérito
Mas essa que arruína a cabeça de muita gente.
“Como ocorre o futuro do pretérito, o futuro do passado? Seria o presente? Mas já não existe o presente? Estou confuso…”.
Novamente se imagine batendo um papo com uma pessoa. Só que dessa vez você não vai falar de um evento futuro que ainda não ocorreu, mas da hipótese de uma provável ação que faria se estivesse em condição de fazê-la no momento. Por exemplo:
Te convidaria para participar da nova série da Netflix, se fosse possível”.
Se colocar o “te” no meio do verbo convidar, mas preservando o tempo verbal, o que vai encontrar?
Adivinha:
“Convidar-te-ia para participar da nova série da Netflix, se fosse possível”.
Se houver uma palavra atrativa no verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, que obrigue o pronome vir antes do verbo, configurando uma próclise, esta deve ser prioritária em detrimento da Mesóclise.
Considerações finais
A colocação pronominal é a sinalização dos pronomes pessoais oblíquos átonos na frase em relação ao verbo. O pronome que se situa no meio do verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito é identificado como Mesóclise.
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