Na linguagem cotidiana, é comum a utilização da palavra “pra” em uma série de situações, mas algumas dúvidas costumam surgir na hora da escrita: para ou pra? Qual das duas é correta em cada contexto?
A verdade é que toda linguagem atual não é totalmente regulada pela norma culta, e as pessoas adaptam-se, criam gírias, expressões e estruturas a despeito do que é considerado certo ou errado, até o ponto em que certas expressões precisam ser incorporadas. A relação entre para ou pra segue, em certa medida, essa lógica.
A vantagem, é que a aceitação das duas expressões na língua portuguesa a torna mais fluida e eficaz em relação à mensagem. Por outro lado, gera dúvidas em que não tem certeza de quando utilizar cada uma das expressões.
Confira quando utilizar para ou pra, e qual a função de cada uma:
Existe correto ou incorreto?
A utilização das palavras para ou pra é igualmente correta, em aspectos gerais, quando consideradas apenas como preposições. Isso significa que ambas existem e são aceitas, mas são contextualmente diferentes em relação a uso e recomendações.
Em geral, considera-se o “para” como uma preposição mais formal. É inadequado dizer que é “mais correta”, mas considera-se mais apropriada para situações que exijam um pouco mais de sofisticação ou formalidade.
O “pra” também é uma palavra correta, mas tende a ser mais utilizada em contextos informais, e seu uso escrito geralmente é associado a contextos menos exigentes, como mensagens entre pessoas conhecidas, textos de linguagem direta e coloquial e etc.
Por isso, é importante observar que ambas estão corretas, o que não significa que sejam igualmente apropriadas em qualquer situação. Sempre é necessário considerar o contexto.
Quando utilizar o “para”?
Uma boa forma para saber escolher entre para ou pra é considerar a formalidade ou descontração de uma certa situação. A palavra “para” tem origem no termo per ad do latim, quase tão variado quanto o termo em português. Ele indica função, finalidade, avaliação, posse, utilidade e toda uma série de coisas.
Em certa medida, são precisamente os mesmos usos de “pra”. Portanto, a distinção não ocorre no significado, mas na forma de uso. Sempre que “para” é utilizado como preposição, está correta, mas indica uma certa formalidade. Raramente uma mãe fala “Vá à padaria para comprar pão” a seu filho.
Parece muito mais natural a utilização da frase “Vá à padaria pra comprar pão”. Isto porque há uma clara informalidade na situação entre mãe e filho, e não há motivos de regramento formal na fala entre ambos.
Quando utilizar o “pra”?
Há bastante tempo, a palavra “pra” é reconhecida pela Academia Brasileira de Letras, em seu vocabulário ortográfico. De forma técnica, é possível dizer que a palavra existe, está correta e é aceita na língua. No vocabulário, é indicada como uma “forma reduzida” de “para”.
Isso demonstra que seu significado é precisamente o mesmo. Uma forma reduzida, no entanto, não significa que o uso seja o mesmo. Na distinção entre para ou pra, geralmente reserva-se a forma reduzida para contextos informais.
Em contraponto ao exemplo do trecho anterior, pode-se imaginar um contrato de compra e venda. Ao definir o contrato como uma obrigação de dar, é improvável que se encontre que “o contratante compromete-se a pagar a quantia X pra contratada”. É tacitamente esperada uma certa formalidade que, neste caso, seria expressa pelo “para” substituindo.
Dicas para acertar sempre
Para não confundir para ou pra, embora seja uma questão razoavelmente fácil, há uma dica simples. Se “pra” é uma forma reduzida, pode-se interpretar a palavra como uma espécie de “apelido”. Por isso, sua utilização é mais apropriada em contextos nos quais os apelidos de pessoas ou palavras seriam aceitos. Isso auxiliará a evitar gafes ou linguagens inapropriadas para certos contextos.
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