Mais antiga e fora do contexto das principais revoltas do Brasil, a Revolta dos Beckman é parte importante da história do Brasil colonial, especialmente no estado do Maranhão. Entende-se a Revolta dos Beckman como uma rebelião vinculada a produtores rurais em conjunto aos comerciantes locais.
Ocorrida em 1684, a Revolta dos Beckman é parte importante da compreensão de como a colônia apresentava fraquezas significativas desde o seu início, no que diz respeito à capacidade de controle e atenção às demandas locais.
Saiba o que foi a Revolta dos Beckman, como ocorreu, e quais foram suas principais consequências:
Causas da Revolta dos Beckman
Nutrida principalmente por produtores rurais e por comerciantes do Maranhão a Revolta dos Beckman está diretamente relacionada à criação da chamada Companhia de Comércio do Maranhão, que foi criada por Portugal em 1682.
A Companhia tinha o monopólio de compra e revenda dos produtos, manufaturados ou não, dos produtores rorais da localidade. Obviamente, isso rapidamente incomodou os comerciantes locais. O estabelecimento do monopólio permitia, ainda, que a Companhia pagasse pouco para os produtores – uma vez que simplesmente não poderiam vender para nenhuma outra empresa.
Somada à questão de produtores e comerciantes, ainda havia a insatisfação popular real com o estabelecimento da Companhia de Comércio do Maranhão. O preço cobrado pelos produtos que dependiam da empresa era muito alto, e nem sempre havia disponibilidade e variedade de produtos.
Por vezes, não havia trigo ou vinho à disposição, e o fornecimento de bacalhau também era escasso – o que é um problema significativo para uma população de matrizes fortemente portuguesas. Quando estes produtos chegavam, suas condições de consumo muitas vezes eram péssimas, ou inutilizáveis. Isso garantiu uma certa legitimação popular ao movimento.
Outro ponto significativo na primeira metade da década de 1680 era a escassez de mão-de-obra escrava. A Companhia também era responsável pela disponibilização de escravos, e a quantidade de indivíduos trazidos por ela era menor do que a demanda dos proprietários rurais. Além disso, a presença de jesuítas tornava impossível a escravização dos indígenas, o que tornava-os inimigos em potencial da revolta.
Principais objetivos da Revolta dos Beckman
A Revolta dos Beckman tinha um objetivo principal e muito claro. A intenção era encerrar definitivamente as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão. Assim, seria possível encerrar seu monopólio e restabelecer um comércio mais condizente com as demandas locais. Além disso, havia a intenção de expulsão dos jesuítas do território maranhense.
Início e reações
No dia 24 de fevereiro de 1684 os irmão Beckman – Manual e Tomás – desenvolveram um plano de atuação. Ambos eram proprietários rurais locais, e contaram com o apoio dos comerciantes para, à noite, invadir um imóvel da Companhia de Comércio do Maranhão.
Assim, saquearam o depósito, e reuniram forças para expulsarem os jesuítas de São Luís. Além disso, conseguiram retirar o governador do poder. Imediatamente, Portugal enviou um novo governador ao local, com a tarefa de acabar com a revolta e julgar seus participantes.
Os dois irmãos, assim como um comerciante local, foram condenados à forca, e outros integrantes do movimento foram presos. A Companhia, no entanto, manteve suas atividades. Sem grandes mudanças, a despeito da clara insatisfação local.
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