A Revolução Farroupilha, também chamada de Guerra dos Farrapos, é a mais longa revolta de grande proporção da história brasileira. Durando uma década, entre 1835 e 1845, ocorreu no estado do Rio Grande do Sul.
Foi uma revolta comandada essencialmente pela aristocracia gaúcha – em especial dos criadores de gado – que, donos do poder e da capacidade de convencimento, passar a contar com a força das camadas mais populosas como forma de legitimar e estabelecer seu poder.
Entenda o que foi a Revolução Farroupilha, suas causas, desenrolar e consequências:
Causas da Guerra dos Farrapos
As causas da Guerra dos Farrapos iniciam-se significativamente antes da revolta em si. Durante muito tempo, o território gaúcho foi disputado entre espanhóis e portugueses. Para auxiliar na manutenção do domínio português, os fazendeiros locais auxiliavam, com seus próprios exércitos, na defesa das terras e fronteiras.
As batalhas eram tomadas com a intenção de que, no fim das disputas, as famílias participantes recebessem uma remuneração, e que o estado finalmente recebesse atenção e incentivos econômicos. Com a estabilização do território, no entanto, nada disso ocorreu, o que gerou uma grande insatisfação local.
Não bastasse a falta de incentivos, o governo brasileiro passou a cobrar ainda mais taxas. A partir de 1821, a carga tributária sobre produtos produzidos no Rio Grande do Sul tornou-se mais alta, afetando inclusive o charque – um dos produtos de maior volume local.
Além da alta cobrança de impostos sobre o charque gaúcho, o governo central passou a reduzir as taxas sobre o charque importado das regiões de Uruguai e Argentina. Somando-se a isso, aumentou o custo de importação do sal – matéria essencial para a produção do charque.
Não é difícil imaginar como a soma destes fatores irritou a elite gaúcha, formada justamente por criadores de gado, convertido em charque. Com a falta de atenção e os abusos econômicos, a situação tornou-se insustentável.
A Revolução Farroupilha
Finalmente anunciado em 1835, embora alimentada há algum tempo antes, a Revolução Farroupilha inicia-se com a conquista de Porto Alegre, capital do estado. O comandante dos oligarcas revoltosos era Bento Gonçalves, peça central durante os dez anos de revolta contra a Regência brasileira.
A primeira exigência após a conquista da capital foi a troca do Presidente da Província (cargo mais ou menos equivalente ao governador dos dias atuais) para alguém que eles próprios pudessem indicar. Essa satisfação inicial dava-se ao fato de o Presidente da época ser diretamente alinhado aos interesses regentes.
Com o poder oligárquico e adesão de boa parte da população, os farrapos passaram a conquistar diversas cidades importantes do estado. Desta forma, proclamaram em 1837 a República Farroupilha, sendo Bento Gonçalves seu primeiro presidente.
Na época, Bento Gonçalves estava preso em Salvador. Suas boas conexões e os ideais da Guerra dos Farrapos garantiram, no entanto, que ele conseguisse escapar. Assim voltou ao Rio Grande do Sul para governar. O nova república vivia da exportação de seus produtos através do Uruguai, vendendo o charque – como se fosse do país vizinho – para o próprio mercado brasileiro.
Decadência dos Farrapos e fim do conflito
Até o ano de 1839, as vitórias da Revolução Farroupilha eram admiráveis, e as forças dos Farrapos pareciam imbatíveis. Fato é, no entanto, que o Brasil atravessava uma série de revoltas em seu território. Isso não permitia que mantivesse grandes forças no sul do país, o que dificultava as tentativas de retomada.
Entre 1840 e 1842, a guerra estabilizou-se. Já em 1843, quando as outras revoltas foram suprimidas, o governo do império conseguiu focar-se na questão farroupilha, revertendo a guerra a seu favor.
Assim, em 1845, a Guerra dos Farrapos chega ao fim através da chamada “paz honrosa”. Na prática, era o acordo de paz com o império, no qual suas demandas iniciais seriam atendidas, como as mudanças de impostos internas e aumento dos impostos para o charque de países vizinhos e a possibilidade de escolha do próprio presidente de província.
Além disso, foi negociada a anistia de todos os combatentes e presos farroupilhas. Os generais farroupilhas passariam a ser generais do exército brasileiro, e os escravos que lutaram ao lado dos farrapos teriam sua liberdade concedida. As dívidas que os aristocratas haviam desenvolvido também foram perdoadas, e o conflito finalmente chegou ao fim.
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