Início » Biologia » Simbiose: o que quer dizer? Como ocorre?

Simbiose: o que quer dizer? Como ocorre?

Compartilhe!

O conceito de simbiose descreve a interação, associação ou relação de longo prazo estabelecida entre organismos de diferentes espécies, geralmente com benefícios para um ou ambos os indivíduos envolvidos.

Pensando nisso, apresentamos, ao longo deste artigo, as principais informações sobre o assunto, a fim de ajudar você a obter conhecimentos mais aprofundados a respeito da simbiose. Boa leitura!

Simbioses obrigatórias e facultativas

As simbioses podem ser “obrigatórias”, caso em que a relação entre as duas espécies é de tal modo interdependente que cada um dos seres vivos é incapaz de sobreviver sem o outro; ou “facultativas”, nas quais as duas espécies se envolvem em uma parceria simbiótica a partir de sua própria escolha, podendo, se necessário, sobreviver individualmente.

As simbioses obrigatórias são frequentemente desenvolvidas durante muito tempo, enquanto as simbioses facultativas podem ser adaptações comportamentais que, com o passar do tempo, também podem evoluir para simbioses obrigatórias.

Endossimbiose

A endossimbiose é uma relação simbiótica que ocorre quando um dos parceiros simbióticos vive dentro do corpo do outro. Essa situação pode ocorrer a nível celular (simbiose intercelular) do organismo “hospedeiro” ou fora das células (simbiose extracelular).

A ectosimbiose, por outro lado, é uma relação simbiótica na qual um organismo vive na superfície do corpo de seu hospedeiro, incluindo o revestimento do trato digestivo ou as glândulas exócrinas como o muco e as glândulas sudoríparas.

Mutualismo

O mutualismo é uma forma de simbiose em que ambos os parceiros simbióticos se beneficiam da interação, resultando muitas vezes em ganhos significativos de aptidão para uma ou ambas as partes. Os mutualismos podem assumir a forma de relações recurso-recurso, serviço-recurso ou serviço-serviço.

Os mutualismos recurso-recurso (também conhecidos como mutualismos tróficos) ocorrem por meio da troca de um recurso por outro entre os dois organismos envolvidos.

Esse tipo de mutualismo ocorre, geralmente, entre um autotrófico (organismo fotossintetizante) e um heterotrófico (organismo que deve absorver ou ingerir alimentos para obter energia).

A maioria das plantas possui um mutualismo trófico chamado de associação micorrízica: uma simbiose entre as raízes de plantas e os fungos. Estes colonizam as raízes das plantas, recebendo, em troca, carboidratos, sacarose e glicose. As plantas, por sua vez, se beneficiam de uma maior capacidade de absorção de água e minerais.

Simbiose

Os mutualismos serviço-recurso ocorrem quando o parceiro simbiótico fornece um serviço em troca de um retorno em forma de recursos. Um dos exemplos mais conhecidos consiste na troca entre as plantas e seus polinizadores.

Ao visitar as plantas para obter um suprimento de néctar rico em energia, o polinizador (insetos, pássaros, mariposas, morcegos etc) fornece à planta o benefício de ser polonizado, enquanto assegura que o próprio pólen seja distribuído quando o polinizador visita mais plantas da mesma espécie.

Uma forma de simbiose mutualista mais rara vem na forma de interações serviço-serviço. Como o nome sugere, ambos os parceiros simbióticos recebem um serviço, como abrigo ou proteção contra predadores.

Por exemplo, a estreita relação entre peixes perciformes (família Pomacentridae) e anêmonas do mar oferece a ambos os parceiros uma boa proteção contra os predadores.

Esses peixes desenvolvem uma camada de muco espessa o suficiente para evitar que sejam picados pelos nematocistos da anêmona, recebem abrigo de predadores e um local para se reproduzir.

Comensalismo

O comensalismo é um tipo de simbiose no qual um organismo é completamente dependente de outro para obter sua alimentação, abrigo ou locomoção sem, no entanto, afetar claramente o hospedeiro.

A relação entre baleias e cracas é um exemplo clássico, à medida que estas se aproveitam do movimento generalizado e da exposição às correntes marítimas para obter alimentos, enquanto as baleias não são afetadas de modo significativo por essa presença.

Amensalismo

O amensalismo é considerado o exato oposto do comensalismo. Ele ocorre quando um organismo é inibido ou seriamente prejudicado pela presença de outro, podendo envolver competições nas quais o organismo maior, mais forte ou melhor adaptado ao ambiente impede que o outro acesse sua fonte de alimento ou abrigo.

Um bom exemplo do amensalismo pode ser encontrado quando uma planta destrói a outra enquanto cresce e se desenvolve em seu ritmo normal.

Simbiose

Parasitismo

O parasitismo é uma forma não-mutualista de simbiose, ocorrendo quando um dos organismos se beneficia em detrimento de outro. Ao contrário da predação, o parasitismo não resulta necessariamente em morte direta do organismo parasitado e, muitas vezes, é imperativo para o ciclo de vida do parasita manter o seu hospedeiro vivo.

Em certas ocasiões, o hospedeiro parasitado é morto em decorrência da invasão de parasitas. Nesses casos, os invasores são conhecidos como “parasitoides”.

O parasitismo pode envolver a infiltração direta do corpo do hospedeiro para se alimentar de seus tecidos, influenciando comportamentos que beneficiem o parasita, ou o cleptoparasitismo, em que o parasita rouba comida ou outros recursos de um hospedeiro.

A simbiose parasitária manifesta-se de muitas formas; algumas são relativamente não ameaçadoras, como os ectoparasitas (por exemplo, as pulgas), que se alimentam do sangue de animais maiores e podem causar coceira e desconforto.

Não obstante, os ectoparasitas podem atuar como transportadores ou vetores, transmitindo endoparasitas intercelulares, como bactérias e vírus, para o hospedeiro, vindo a provocar danos relevantes e, até mesmo, a morte.

O parasitismo de ninhada, por sua vez, é uma forma de cleptoparasitismo que pode impor custos significativos à aptidão dos hospedeiros. Isso é bastante comum em aves (principalmente em cucos), insetos e alguns peixes.

Sendo assim, os parasitas, via de regra, depositam ovos dentro do ninho de um hospedeiro e, subsequentemente, recebem os alimentos ou abrigos originalmente destinados à prole hospedeira.

O parasitismo de ninhada pode resultar em um alto número de mortes de descendentes, tanto devido à inanição, rejeição da prole ou o abandono de ninhos pelos pais hospedeiros, quanto por parasitas que removem totalmente a descendência hospedeira de seus próprios ninhos.

Há diversas pesquisas científicas que levantam a possibilidade de que uma simbiose parasítica pode evoluir a partir de outras formas mais benevolentes de simbiose.

Um dos organismos envolvidos pode começar a explorar um relacionamento mutualista anterior, tomando mais de um recurso ou serviço do que oferece em troca, ou não contribuindo com benefícios para a relação ecológica estabelecida em seu processo de simbiose.


Compartilhe!