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Trovadorismo

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O trovadorismo foi um movimento literário que teve seu início no século onze, na região Sul da França, na área da Provença. No trovadorismo, a característica mais marcante são as poesias, também chamadas de cantigas.

O trovadorismo foi à primeira manifestação cultural literária, em língua portuguesa e teve grande significado para Portugal, pois colaborou efetivamente para construir uma identidade cultural, através da linguagem, de um país em momento de formação e mudanças sociais. Saiba mais sobre as características, contexto e como se desenvolveu o Trovadorismo:

O Surgimento do Trovadorismo

O Trovadorismo surgiu durante a Idade Média, em uma conjuntura caracterizada pelo feudalismo e pelo domínio da Igreja e da fé na sociedade, em toda a Europa.

Durante essa época a maior parte da sociedade era rural e existiam classes sociais bem distintas e visíveis. Os donos das terras eram os burgueses e eram detentores do poder e do dinheiro, enquanto os trabalhadores do feudo, chamados de vassalos, serviam aos senhores feudais e tinham condições de vida bastante inferiores.

Desta forma, a sociedade era segmentada entre os representantes da Igreja (clero), os senhores feudais (burguesia) e os vassalos ou camponeses.

As características do Trovadorismo

A característica mais marcante do trovadorismo é com certeza a união entre a literatura poética e a música. As cantigas eram apresentadas sempre em companhia de instrumentos musicais como a viola, a lira, a flauta ou a harpa.

Os temas das cantigas eram usualmente a amizade ou amor, havendo também as cantigas que faziam críticas e sátiras com os costumes da sociedade da época e com as figuras caricatas, como a nobreza ou a burguesia.

Assim, as produções da época se distinguiam em dois gêneros principais: o gênero lírico e o gênero satírico. As cantigas líricas se dividiam em cantigas de amor ou em cantigas de amigo, enquanto as satíricas eram subdivididas em cantigas de escárnio ou cantigas de maldizer.

  • As cantigas de amor

Nessas obras o principal tema era obviamente o amor, em especial a dor do amor não correspondido. O amor era frequentemente descrito com certo ar de veneração, sendo um sentimento perfeito e impossível de ser atingido.

Havia assim, a idealização da mulher, descrita como um ser puro e o ápice da perfeição, enquanto o trovador se colocava em posição de inferioridade e submissão a esse amor, jurando sempre amor eterno e a honra de sua amada.

  • As cantigas de amigo

Nas cantigas de amigo, além da amizade, o amor também era um tema presente. O eu lírico do poeta era geralmente feminino e relatava seus sentimentos, se declarando por um amigo ou pelo homem amado.

A temática mais comum eram a dor da separação, o sentimento do abandono e a tristeza por não ter seu sentimento correspondido.

  • As cantigas de escárnio

Nas cantigas de escárnio, o tema principal eram as críticas à sociedade, ao modo de vida e aos costumes e valores da burguesia da época. Essas cantigas faziam criticas de forma sutil, utilizando de ambiguidades e trocadilhos.

  • As cantigas de maldizer

As cantigas de maldizer também criticavam a sociedade e seus costumes, entretanto, nesse caso as críticas eram diretas sendo comum até mesmo que fossem citados nomes nas cantigas. O palavreado também era mais grosseiro, havendo o uso de palavrões e palavras obscenas.

Trovadorismo em Portugal

O Trovadorismo em Portugal se iniciou na Península Ibérica. Os cancioneiros são documentos e coletâneas de cantigas com característicos diversos e escritos por diversos autores.

A data mais provável da primeira composição literária é de 1198, a chamada Cantiga da Ribeirinha, ou Cantiga de Guaravaia, do escritor Paio Soares de Taveirós e é considerada como o marco do início da literatura portuguesa.

Quem cantava e quem escrevia as cantigas?

Havia três principais grupos que desempenhavam papel no desenvolvimento das cantigas: O trovador, o jogral e os segréis. A distinção entre eles é em alguns momentos difícil de ser feita:

  • Trovadores

Os trovadores constituíam em maior parte senhores nobres e que compunham e também interpretavam as cantigas. Alguns pesquisadores dizem que os Trovadores apenas exerciam essa atividade de maneira desinteressada, como forma de lazer, sendo os criadores da maior parte das Cantigas de amor.

  • Jogral

O jogral é um termo muito mais antigo e do que o trovador, sendo usado até mesmo antes do século doze, em que se inicia o Trovadorismo.

O jogral era utilizado para se referir as pessoas que possuíam a classes mais baixas e humildes. Eles executavam principalmente as cantigas compostas pelos trovadores, mas também podiam produzir suas próprias canções, que eram apresentadas para o público nobre como atividade monetária.

Os Jograis são os principais responsáveis pelas cantigas de sátira de que se tem conhecimento.

  • Segréis

A diferença entre o segrél e o jogral não é muito especificada, mas a teoria principal é de que esse era que o segrél se referia a músicos mais bem sucedidos e conhecidos e que viajavam de cidades em cidades para apresentar sua arte.

Como dito anteriormente, a diferença entre as nomenclaturas é ambígua em alguns momentos. Isso pode ser devido a origem dessas diferenciações que, muito provavelmente, foram produzidas pelos próprios nobres.  Que queriam ser diferentes dos demais e se chamavam de “trovadores”, enquanto os músicos e poetas de outras classes sociais deveriam ser classificados como jograis.

O Trovadorismo tem sua importância histórica, como documento e registro da história de nossa linguagem, dos costumes e valores da época e ainda como movimento inspirador para os poetas de escolas posteriores.

As barreiras geográficas e temporais às vezes impedem que se perceba que os temas presentes no trovadorismo são universais e presente nos poemas até mesmo nos dias de hoje, sendo recorrente em outros textos e em outros autores em diferentes épocas e lugares.

É possível despertar o interesse e o gosto do leitor moderno pelas cantigas medievais e o trabalho com as obras literárias se torna mais fácil e agradável quando as comparamos a outras produções de outros lugares e de outras épocas, situando-as historicamente.

 


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