Existem alguns erros na língua portuguesa que podem incomodar os ouvidos daqueles mais apegados à gramática. A relação entre para mim ou para eu fazer certamente está entre as que mais percebidas neste sentido. Isso porque trata-se de um erro gramatical significativo que vai além da pronúncia, mas envolve a estrutura da língua.
A diferença entre para mim ou para eu fazer é significativa em termos estruturais, e a utilização do “para mim fazer”, neste caso, chama a atenção.
Entenda melhor como é feita a distinção entre as expressões para mim ou para eu fazer, e os motivos pelos quais apenas uma delas está correta:
Um pouco de gramática
Em primeiro lugar, é necessário considerar questão gramaticais para analisar a questão. É bem verdade que essa provavelmente não é a parte favorita da maior parte das pessoas, mas ela é essencial para se compreender o porquê de “para mim fazer” está incorreto.
Tudo depende da identificação do sujeito de uma oração para que se determine a forma correta de utiliza a expressão. O pronome “eu” é um pronome pessoal reto. É ele quem assume a função de sujeito quando necessário. O “mim” não assume a função de sujeito, e é por isso que é impossível “mim fazer algo”.
Na prática, torna-se razoavelmente fácil compreender a situação com exemplificação:
A frase “João vai fazer pão.” está na terceira pessoa do singular.
A frase “Eu vou fazer pão.” está na primeira pessoa do singular.
Mudando um pouco sua estrutura, fala-se “Para João fazer pão, precisa de farinha.”. Perceba que “João” foi mantido. O mesmo acontecerá com o segundo exemplo, no qual fala-se que “Para eu fazer pão, preciso de farinha.”.
O motivo é simples: quem vai fazer sou eu!
Mim não faz. Eu faço.
A forma correta entre para mim ou para eu fazer é, obviamente, para eu fazer. “Mim” não pode fazer nada, pois não é um pronome pessoal reto, e apenas pronomes pessoais retos podem praticar ações.
Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles – todos estes pronomes podem praticar ações. Os outros, incluindo o “mim” não podem. Por isso, “mim” não faz, apenas “eu” faço.
O que é o “mim”? Quando ele é utilizado?
“Mim” é um pronome pessoal oblíquo. Isso quer dizer que seu uso é restrio à complementação de frases. De forma ainda mais direta, pronomes oblíquos não possuem a função de sujeitos na língua portuguesa.
Pense na estrutura errada da oração: “Para mim fazer.”. Nela, obriga-se a entender que o “mim” é o sujeito, pois a resposta à perguntar “para quem fazer?” é “mim”. Se o pronome pessoal oblíquo não pode ser sujeito, torna-se óbvio que a frase está gramaticalmente incorreta.
Este tipo de pronome é utilizado de forma complementar, como no exemplo:
– Fazer aquela apresentação é importante para mim.
Neste caso, o sujeito da oração é “aquela apresentação”, e não o mim, por isso torna-se correta.
Dica para não errar
Não é apenas o verbo fazer que exclui a possibilidade de uso do “mim” como um sujeito. O termo sempre está incorreto quando colocado nessa posição. Fala-se sempre “eu” como sujeito:
Para eu dançar, para eu ler, para eu gritar, para eu escrever corretamente, etc.
A principal dica, neste caso, é sempre associar verbos no infinitivo a pronomes pessoais retos, e nunca oblíquos. Isso significa que toda vez que um verbo estiver no infinitivo, o pronome na primeira pessoa do singular que o precedo muito provavelmente será o “eu”.
Essa é a forma mais simples de acertar entre para mim ou para eu fazer sem precisar perder muito tempo refletindo. Lembre-se sempre que “Mim não faz. Eu faço.”.
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