Voltaire é um dos mais importantes pensadores de caráter iluminista, tendo inspirado intimamente a revolução francesa e, por consequência, a independência dos EUA. Com textos satíricos e muito críticos às instituições dogmáticas de seu tempo – em especial a Igreja Católica – seu pensamento chegou a custar até mesmo a sua liberdade.
Sou próprio nome marcado para posteridade, Voltaire, nada mais é do que um pseudônimo – um entre os quase 180 pseudônimos conhecidos do autor. Conheça a vida, a obra e as ideias de Voltaire, e de que maneira suas contribuições auxiliaram em importantes transformações globais:
Nascimento e anos iniciais
Nascido François Marie Arouet em 21 de novembro de 1694, o pensador perdeu sua mãe logo durante o parto, e iniciou sua educação em um colégio jesuíta, onde rapidamente ganhou destaque por suas capacidades intelectuais. Com o tempo, passou a participar de círculos intelectuais, onde escrevia versos e pensamentos críticos contra o governo e a igreja.
Sua ação o levou a ser preso na Bastilha em 1717, onde iniciou algumas de suas obras. Ao sair da prisão, adquiriu notoriedade pro seus escritos, somando boas quantias de dinheiro. Novas brigas com a monarquia, no entanto, o obrigaram a ser exilado para não ser preso novamente. Foi para a Inglaterra em 1726, onde começou a desenvolver sua filosofia propriamente dita, inspirando-se inicialmente em parte das estruturas inglesas de política, as quais julgava muito mais avançadas do que o absolutismo francês.
A poligenia e as polêmicas
Entender Voltaire exige compreender muito bem o seu período. Nos anos iniciais do século XVIII, o conhecimento científico ainda testava algumas hipóteses iniciais. No período, contra-argumentar com os dogmas envolvia aliar-se a certas visões científicas ainda incipiente.
Um delas é a defesa de Voltaire a respeito da hipótese poligenista, onde as diferentes variedades da espécie humana teriam origens diferentes no planeta. Para a Igreja, isso significava a completa rejeição da hipótese criacionista, indicando como impossível a concepção de Adão e Eva.
Por outro lado, muitos poligenistas do período utilizavam os argumentos da hipótese para justificar a escravidão, por exemplo. No caso de Voltaire, sua crítica aos defensores do trabalho escravo é um registro de rejeição dessa associação, embora não tenha publicado nenhum trabalho que tratasse diretamente sobre o assunto.
Liberdade e humanidade
A filosofia de Voltaire era diretamente centrada na humanidade, considerando todos os fatores sob a perspectiva humana – até mesmo as condições naturais. Uma famosa passagem de sua concepção é uma na qual relata que as montanhas serviam para tornar a vista agradável, em uma clara alusão à perspectiva centralizadora do homem.
No campo político, o filósofo mudou sua visão algumas vezes. Sempre foi um crítico ferrenho ao regime francês, rejeitando o absolutismo desde o início. Considerava, no entanto, que um monarca suficientemente esclarecido e intelectualizado poderia ser uma boa opção, no início de seu pensamento. Isso significava reduzir a aristocracia parasitárias, e estimular um monarca a garantir tais meios ao povo que pudessem ser capazes de compreender a ação de um bom déspota.
Com o tempo, no entanto, seu pensamento parece ter afastado da ideia monárquica de forma mais definitiva. É neste período que passa a escrever um de seus mais importantes textos. Neles, considera que apenas o povo francês seria capaz de libertar-se do regime opressor e diretamente conectado à igreja. Foi este estímulo que o tornou uma das principais inspirações da revolução francesa.
Morte e legado
Voltaire faleceu em maio de 1778. Seus restos mortais estão, hoje, no Panteão de Paris, junto aos restos de outros iluministas de enorme importância e contribuição histórica – alguns dos quais foi, inclusive, adversário intelectual, como é o caso de Rousseau.
Seu legado é fortemente envolvido com o do iluminismo – tanto em seus aspectos mais positivos, quanto nos mais negativos. Para muitos, é o pai do iluminismo, propriamente dito.
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