Essa é uma questão que volta e meia põe muita gente em dúvida: há ou a?
O problema de palavras com sons parecidos, mas com grafias e funções sintáticas diferentes é o de sempre causar confusão sobre o emprego correto de cada uma.
Se a pessoa ler com frequência, muitas dessas dúvidas são sanadas por estar habituada a ver quase que diariamente a ocorrência de algumas frases que deixam várias pessoas inseguras, então, mais por hábito do que por conhecimento impecável da regra, essa pessoa consegue determinar o uso correto de há ou a, por exemplo. Mas se não for da turma da leitura, a incidência de dúvidas tende a ser maior.
E mesmo se for um rato de biblioteca é importante ter conhecimento da regra, especialmente se for prestar um vestibular, pois é natural que os desenvolvedores da prova queiram fugir do óbvio e apelar para situações de emprego de há ou a bem específicas, para testar mesmo o conhecimento rigoroso da regra.
Ou seja, não importa o seu caso, para deixar de se ver mais uma vez quebrando a cabeça com a questão há ou a só há (ou “a”) um caminho: se informar sobre a regra.
Entenda de uma vez por todas quando empregar há ou a.
Confira!
Há ou a?
E por qual começamos, há ou a? Provavelmente o que desperta mais dúvida é a utilização com agá, já que o uso sem agá é mais recorrente.
Então comecemos por:
Há
Uma das formas de emprego do “há” é como verbo impessoal.
E o que seria verbo impessoal?
É um verbo que não tem sujeito, elemento essencial da oração geralmente responsável em executar ou ser alvo de uma ação, ou seja, o verbo impessoal assinala uma ocorrência que não se tem origem aparente, não se pode atribuir a nenhuma pessoa gramatical. Surgem em orações em que o sujeito é inexistente.
Exemplos de verbos impessoais:
- Chover;
- Nevar;
- Amanhecer;
- Existir;
- Haver;
- Estar;
- Fazer;
- Há.
Percebe? São ações que não se pode definir uma fonte primária que realiza o ato. Quando lemos “fazer”, sabemos que algo ou alguém está exercendo alguma atividade, mas quem ou o quê? Nota a impessoalidade de tais verbos?
Podem ser recorridos para expressar a existência de algo e é nesse caso que entra a questão do há ou a.
Quando pintar a dúvida, reflita: a palavra pode ser substituída por um verbo impessoal empregado no sentido de existir?
Por exemplo:
- Há ou a nesse recinto um clima de dúvida atroz?
Se fizer sentido a substituição do há ou a pelo verbo “existir” ou “haver” é indicativo que o correto seja o uso com agá.
- Existi nesse recinto um clima de dúvida atroz.
- Há nesse recinto um clima de dúvida atroz.
Tempo
O verbo impessoal pode ser utilizado também para denotar passagem de tempo. Nesse caso a substituição a ser feita para avaliar o uso de há ou a é pelo verbo “faz”.
- Há ou a horas que não mexo no meu celular.
Se fizer sentido o uso de faz, é indicativo de que a escolha correta seja com agá:
- Faz horas que não mexo no meu celular.
Dica: se o espaço de tempo estiver indicando um período que já passou, emprega-se o há.
Então marque essas duas regrinhas de outro sobre a ocasião de se usar há ou a: verbo impessoal no sentido de existir? Há. Referência a tempo passado que pode ser substituído por faz? Há.
A
Quanto ao “a”, é a forma mais recorrente no nosso idioma, sendo usual como artigo definido, palavra que define o substantivo.
É comum o seu emprego junto a nomes próprios, principalmente na linguagem oral, já que não é considerada norma culta tal emprego nesse caso, pelo fato do nome já dispensar a necessidade do artigo para construir sentido.
Exemplo:
- A Soraia não gosta de bonecas.
Norma culta:
- Soraia não gosta de bonecas.
É recorrente o artigo a acompanhando substantivos próprios que exprimem localidade, como continentes, países, estados e cidades:
A São Paulo do meu tempo era a terra da garoa. Hoje, é a terra das enchentes.
Outra forma recorrente do uso do artigo definido “a” é junto a nomenclatura de títulos, como doutora, professora, inspetora etc.
A juíza não se deu ao trabalho de ler o processo antes de anunciar a sentença.
Por fim, o artigo “a” vem junto de títulos de trabalhos literários ou de outras expressões artísticas:
Ele não sabia que A Viuvinha foi escrita por José de Alencar.
Tempo, distância, modo e lugar
Uma das grandes dúvidas que envolve o há ou a diz respeito a referência de tempo. Já sabemos que quando se trata de tempo passado, o correto é utilizar com agá, informação suficiente para sanar eventuais dúvidas futuras, mas caso ocorra de ser traído pela memória será de ajuda saber em qual sentido de tempo é correto usar sem agá, diminui as chances de cair em erro.
O “a” deve ser usado quando é alçado a condição de preposição na qual se refere a um período de tempo que está para ocorrer, ou seja, que faz alusão ao futuro.
Exemplo:
- Daqui a pouco chegarei à minha casa.
O “a” como preposição também serve para indicar distância, modo e lugar.
Exemplo:
- Nossos corações estão a apenas 30 quilômetros de distância.
- Lavou a roupa a seco (modo).
- Fui a Londrina de bicicleta.
Considerações finais
Explicamos quando utilizar o há ou a para que nunca mais tenha essa dúvida ao ler ou escrever uma frase, principalmente se confrontar a questão em vestibular.
A forma com agá usa-se como de verbo impessoal para indicar existência ou tempo passado. Se a substituição pelos verbos “existir” ou “fazer” fizer sentido na frase, emprega-se “há”.
Se a referência de tempo estiver indicando tempo futuro, o correto é a forma sem agá. Também se usa a letra sem agá quando esta é uma preposição que indica noção de distância, lugar ou modo.
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