O rico comerciante Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim começou a mostrar-se angustiado com as desigualdades do mundo na medida em que se aproximava dos 40 anos. Também lhe preocupavam as condições de vida de seu povo, dividido em tribos e adorando vários deuses. Por isso, Maomé, como ficou conhecido, costumava refugiar-se nas orações e, numa dessas peregrinações a cavernas nos arredores de Meca, recebeu do arcanjo Gabriel a tarefa de levar a palavra de Deus a seu povo.
Aí começou a emoldurar o que seria mais tarde a religião muçulmana ou maometismo, hoje predominante no mundo árabe e entre os países dos Oriente Médio. Mas, claro, isso não se constituiu assim numa tarefa tão simples. Ao contrário, exigiu muita luta e trabalho político, ao lado do proselitismo religioso e batalhas em campo.
Importância do casamento com Khadijha
Maomé nasceu na cidade de Meca, hoje Arábia Saudita, no ano de 571 da era cristã. Pertencente à tribo dos coraixitas e, dentro desta, ao clã dos hachemitas, era filho de Abdallah e Aminah. O pai morreu antes do filho nascer e a mãe não sobreviveu, depois, por muito tempo, o que levou o menino a ser criado pelo tio Abu Talib, do mesmo clã dos pais.
Esse tio foi muito importante na sua educação. Foi ele que lhe ensinou o ofício de mercador de especiarias em caravanas de camelos através do Saara. E numa dessas caravanas, em 595, Maomé conheceu Khadijha, uma viúva rica também hachmemita com quem passou a trabalhar e veio a casar mais tarde.
A ansiedade do futuro profeta
Isso lhe deu ascensão econômica e, portanto, política dentro do mundo árabe, coisa que ele ainda não tinha. Nessa época, Meca e regiões da Arábia eram constituídas por muitas religiões, incluindo o cristianismo e o judaísmo, além de religiões politeístas, que cultuavam vários deuses. Tudo isso preocupava e causava ansiedade em Maomé, que cada vez mais refugiava-se em orações.
Como aconteceu com quase todos os profetas, o trabalho de Maomé também não foi fácil, como é possível imaginar. Afinal, após receber do arcanjo Gabriel a incumbência de levar a seu povo a palavra de Deus, ou Alá para o povo árabe, ele iniciou suas peregrinações e a pregar a palavra Divina.
Maomé veio repor a palavra Divina
Essas mensagens do anjo Gabriel deram origem, mais tarde, ao Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. O terreno em que Maomé iniciou suas pregações era constituído por um povo politeísta, além de cristãos ou judeus. Pregar os ensinamentos de um novo Deus não era, portanto, tarefa fácil.
Para os muçulmanos, Maomé não é o único profeta, mas, o último dos enviados por Deus. Eles também acreditam nos profetas anteriores, como Moisés, Davi, Isaac, Jacob, Ismael, Abrão e Jesus. Mas defendem que os ensinamentos destes foram deformados pelos homens e, por isso, Deus determinou para Maomé recompor a sua palavra, para não ser mais deturpada.
Fugiu de Meca para organizar o povo
Maomé começou seu trabalho ali mesmo por Meca, sua terra Natal. Mas, recebeu muita resistência a partir de sua pregação monoteísta, especialmente porque seus ensinamentos foram contrariando princípios arraigados e isso contrariou também interesses sociais e econômicos locais. O que logo provocou a ira de outros clãs de Meca e região, que passaram a perseguir Maomé.
Com a morte de sua esposa Khadijah, em 619, e com o ambiente que não lhe era amigável em Meca, empreendeu fuga para Yatreb em 622, num movimento que ficou conhecido como Hégira e é comemorado pelo povo muçulmano.
Perdeu e ganhou muitas batalhas
Suas pregações cresceram e aumentaram em muito seus adeptos em Yatreb, rebatizada para Medina, a Cidade do Profeta. Foi ali de Medina que ele, aos poucos, foi ganhando também poder militar para impor os seus ensinamentos. Entrelaçaram-se as pregações religiosas com os interesses militares e as guerras com os vizinhos tornaram-se inevitáveis. Medina passou a ser o seu quartel general.
Em 624, ele empreendeu furiosa batalha com a cidade de Badr e, logo depois, em 625, contra Ohod. Venceu a primeira e saiu derrotado na segunda. Em 627, um inimigo de Maomé de Meca, Abu Sufayan, cercou Medina com uma tropa de 10 mil guerreiros de Meca, mas, foram rechaçados.
Sua morte precipita a divisão do povo
Dois anos depois, Maomé e seus guerreiros, já fanatizados, deram o troco e cercaram Meca, com terríveis batalhas que duraram cerca de um ano. Em 630, ele conseguiu entrar triunfante em sua cidade natal, no que se constituiu, também, numa grande vitória rumo à consagração do islamismo como religião preponderante entre o povo árabe. Com o domínio sobre Medina e Meca, ele partiu rapidamente para consolidar seu domínio em toda região.
Maomé veio a falecer dois anos depois, em 8 de junho de 632 e, como não deixou sucessores, sua morte provocou divisões entre os islâmicos, o que levou à separação sangrenta entre os dois principais povos da região – os sunitas e os xiitas, o que se propaga até nossos dias.
Teve 13 esposas, mas poucos filhos
Um dos problemas para a religião islâmica foi exatamente o fato de Maomé não ter deixado sucessores. Depois de Khadijah, ele casou mais 13 vezes, de forma especial para consolidar alianças políticas.
Uma de suas esposas, Aisha, tinha apenas 6 anos quando casou com Maomé. Ele tinha 52. Ele só teve filhos com Khadijah e com Maria, uma escrava egípcia, que lhe deu um filho. Este, porém, morreu aos 5 anos.
Livro define toda a sociedade
Apenas uma de suas filhas, Fátima, chegou à idade adulta e a casar. Essa falta de sucessores é que provocou o racha entre os muçulmanos, especialmente entre os sunitas, que constituem a maioria, e os xiitas, em menor número. Existem outros grupos muçulmanos, porém, em número bem menor e de pouca expressividade política ou dentro da religião. Ao morrer, Maomé deixou unido o povo árabe em torno de uma única religião e de nações praticamente consolidadas.
O Alcorão é o livro sagrado dos islâmicos e significa A Recitação. Possui 114 capítulos (as suras) e 6.326 versículos. Neste livro sagrado, estão as histórias sobre como Deus criou o mundo e todos os ensinamentos sobre a religião, ditados a Maomé por Deus através de Gabriel. Também há conceitos sobre a sociedade, o casamento e as próprias leis sociais. Enfim, o Alcorão define tudo o que é de interesse aos muçulmanos na vida terrena em direção a Deus.
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