A gramática portuguesa apresenta diversas complicações: é necessário conjugar, pontuar, acentuar e etc. É o “etc.”, aliás, que inspira este artigo. Para muitas pessoas, seu uso pode parecer muito natural, mas tantas outras encontram no pequeno artifício um inimigo que gera uma enorme quantidade de dúvidas.
A verdade é que o ét cétera é desenvolvido para facilitar nossa vida, auxiliando com formas de linguagem que geram certa subjetividade na escrita. Conhecer seu uso é importante, pois poucas ferramentas são tão poderosas na tarefa de subentender ideias completas quanto o “etc.”
Por isso, confira o que é o ét cétera, quando usar, algumas de suas regras básicas e outras dúvidas comuns de todas as pessoas:
O que significa ét cétera?
Toda vez que utilizamos o “etc.” em um texto, estamos realizando a abreviação da locução em latim ét cétera. Em latim, significa algo como “e outras coisas”. Portanto, na língua portuguesa, seu significa é semelhante, passando a ideia de continuidade, como “e assim por diante”, ou “e outras coisas como estas”.
De forma resumida, utilizar o “etc.” significa subentender que “assim como tantos outros exemplos de mesma natureza” poderiam ser enumerados.
Quando usar o “etc.”?
Não há uma regra específica que determine quantas enumerações devem ser feitas antes de seu uso. Em geral, no entanto, é necessário considerar alguns fatores. O artifício passa a ideia de volume, o que torna essencial que o redator demonstre que existem exemplos suficientes para que “e outras coisas” sejam considerados.
Por bom senso, estima-se que ao menos três ou quatro exemplos sejam utilizados – mas isso não é uma regra formal. Além disso, é recomendado utilizar a ferramenta para exemplificações que não sejam nomes próprios, pois este uso possui validade discutida.
Devo usar vírgula antes do “etc.”?
Via de regra, a maior parte dos casos não utiliza a vírgula antes do etc. Na verdade, seu uso depende de regras semelhantes às utilizadas para a conjunção “e”. Essa é, ao menos, a posição tradicional da gramática portuguesa.
Já na visão moderna, que compreende a linguagem como algo adaptável, a utilização da vírgula antes do “etc.” é facultativa. Isso significa que trata-se de uma escolha estética do redator, sem maiores rigores. Por isso, em contextos mais formais, sugere-se que o uso não seja realizado. Para escritas menos rigorosas, no entanto, o uso torna-se opcional.
Etc ou E etc?
Essa é outra questão bastante polêmica a respeito da ét cétera. Mais uma vez, trata-se sobretudo de um embate entre a visão tradicional da gramática e as visões mais atuais. Em teoria, baseando-se na visão tradicional, ét cétera já significa “e as demais coisas”. Isso significa que, ao falar “banana, maçã, laranja, uva, etc.”, já há a presença da conjunção subentendida, em função de seu significado latino. Neste sentido, quem compreende uma visão tradicional da linguagem não recomenda o uso do “e” antes do do “etc.”.
Por outro lado, entende-se que, em uma visão mais moderna, o “etc.” adquiriu significado mais relevante que sua origem latina não abreviada, o que torna natural utilizar a conjunção por analogia com as regras da língua portuguesa. Desta forma, seu uso também não estaria errado.
Por isso, em termos práticos, assim como acontece com a vírgula, tudo depende das suas escolhas estéticas ao escrever. Não há motivos, portanto, para preocupação a respeito do assunto.
Regras adicionais
Há, ainda, algumas regas que podem ser observadas para o bom uso do etc.
A primeira delas é evitar a utilização da ferramenta para enumerar pessoas. Isso porque nomes próprios são singulares, e é improvável sua generalização.
Além disso, não se adiciona um ponto após o “etc.”. Ao encerrar uma frase, o mesmo ponto utilizado para indicar a abreviação é utilizado para marcar o fim do período.
Reticências também não devem ser utilizadas junto ao etc. Utiliza-se ou a ferramenta, ou as reticências, uma vez que o uso duplo é pura redundância.
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