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Crise hídrica em São Paulo aconteceu entre 2014 e 2016

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Apesar de já terem se passado alguns anos, a memória da crise hídrica em São Paulo ainda permanece. Quando o governo do Estado de São Paulo declarou oficialmente estar em crise, por conta da escassez de água, foi um marco histórico para SP que mudou bastante a vida dos seus habitantes, mesmo que não tenham percebido. Entenda mais abaixo.

O que foi a crise hídrica de São Paulo?

Foi um momento considerado crítico no Estado de São Paulo onde os níveis hídricos chegaram em uma escassez alarmante. A seca e a redução de água começaram a atingir muitas cidades e municípios, sendo que pessoas de todas as classes socioeconômicas foram afetadas.

Um dos grandes marcos dessa crise foi a diminuição de água em muitos reservatórios d’água, principalmente no Cantareira um dos principais reservatórios sob os cuidados da Sabesp que leva água mais mais de 8,5 milhões de pessoas.

Foi um processo gradativo de 2014 em seu ápice que só foi se estabilizar em 2016, com o aumento de chuvas, diminuição no consumo e alguns ajustes na gestão da água, pois estava deixando muito a desejar.

Quais foram as causas da crise hídrica?

Foram diversos, mas alguns foram cruciais. A má gestão da água por parte da Sabesp foi um dos principais motivos, ao ponto que ela chegou a ser criticada por diversos veículos jornalísticos e por revistas científicas, a citar a PLOS ONE que é internacional.

O alto índice de desmatamento e a diminuição de chuvas também foram agravantes. Assim como a ocupação irregular de mananciais que comprometeram (e ainda comprometem) a oferta de água, além de colaborar para a sua poluição e intoxicação.

Como se não bastasse, a gestão geral do governo foi muito fraca, na medida em que foram tomando várias decisões erradas, o nível de água foi diminuindo e a situação foi piorando até ficar crítica.

O uso desenfreado por parte da população também foi um fator colaborante, mas não chega nem perto do uso de água por parte de grandes indústrias, principalmente as agro.

No meio da crise houve a troca de gestão da presidente da Sabesp, Dilma Pena. Esse foi um fator agravante, pois além da presidente, também houve troca de pessoal. Ela declarou ter saído por conta da pressão e falta de ação de Geraldo Alckmin que a desgastava.

A situação realmente ficou tensa quando um áudio da Dilma afirmando que não deveria alertar a população sobre a falta de água foi divulgado. O governo negou que tenha dado a ordem e é claro que isso gerou muita revolta por parte dos cidadãos.

Crise hídrica em São Paulo

O consumo de água na crise hídrica

Vários jornalistas começaram a investigar mais a fundo o consumo de água e descobriram que haviam shoppings que consumiam mais de 20 mil litros de água por mês, o que equivaleria a 1200 residências que gastam 120 litros por dia.

Empresas diversas também começaram a ser investigadas e o consumo desenfreado foi revelado, principalmente das que possuíam relação com o agro. Apartamentos e prédios de luxo também foram alvos de pesquisa e foi descoberto que gastavam muito mais do que o necessário, além de desperdiçarem por falta de estrutura adequada (a partir daí surgiram diversos programas de condomínio sustentável).

Soluções para a crise hídrica

A primeira coisa feita foi a divulgação de campanhas para economia de água destinadas ao cidadão comum, que são válidas, mas os verdadeiros gastadores foram as grandes empresas. O papel da indústria foi grande na crise, mas durante esse período muitas empresas de dispuseram a economizar, o que ajudou com a solução do nível de água.

A redução nos hábitos de consumo dos paulistas mudou tanto que até hoje, nos dias atuais, está 15% menor. O cidadão colaborou e ainda coopera com um consumo menor de água.

O racionamento foi imposto pelo governo de maneira que regiões eram deixadas sem água entre 1 a 3 dias, mas com aviso prévio. Nem todos os reservatórios de água de São Paulo ficaram tão baixos, então as regiões que tinha represas com nível mais alto compartilhavam água com as regiões mais escassas.

Água de outros estados do Brasil também foram transportadas para São Paulo, para ajudar na escassez. Empresas privadas também auxiliaram um pouco nesse processo.

Essas ações, somadas a ações contra o desmatamento e o aumento de chuvas acabaram regularizando o nível de água em meados de 2016. Em dezembro de 2015 o nível de água começou a subir e em abril de 2016 já estava novamente elevado e dentro dos padrões.

Crise hídrica em São Paulo

Houve sequelas depois da crise?

Na parte positiva, mudou o hábito dos habitantes de São Paulo de modo que até hoje a população economiza e consome menos água. Infelizmente o desmatamento e as ocupações ilegais de mananciais continuam, mas a situação tende a melhorar.

Um problema é que pesquisas comprovam que o governador Geraldo Alckmin poderia ter impedido tudo isso. Para tanto, bastava ter assinado medidas preventivas (coisa que não fez). Isso teria poupado São Paulo da crise e atualmente teríamos cerca de 50% a mais de água nas represas.

Os hábitos dos brasileiros como um todo também mudaram, não apenas em São Paulo, pois mais da metade dos Brasileiros diminuíram seus consumos. Tanto o consumo de energia elétrica quanto de água foi diminuído, mesmo que de maneira muito branda.

A preferência por produtos recicláveis, sacolas reutilizáveis e materiais que não agridam o meio-ambiente aumentou entre o brasileiro de maneira geral.

Tudo isso foi um grande avanço, considerando que o brasileiro possui um consumo médio de energia elétrica e de água acima da média global.

Considerações finais

A crise hídrica de São Paulo marcou para sempre o brasileiro, na medida em que alterou o hábito de todos para melhor, economizando e optando por produtos menos nocivos ao ambiente. Será que é preciso sempre se chegar nesse estado crítico para optar por opções mais saudáveis?

O governo do Estado de São Paulo também mostrou bastante fragilidade diante da crise hídrica, além de ignorar diversas vezes os sinais da crise iminente. Cabe ao cidadão questionar a capacidade do governo de gerir os recursos, além de estar ciente e fiscalizando o governo para que situações assim não se repitam.


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