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Revolta da Armada: principais fatos do conflito

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Assim que o país se tornou uma República e foi controlado pelos militares, muitos deles não concordavam em diversas questões. Floriano Peixoto, governante da época foi o responsável pela renovação de todo o quadro político. Isso possibilitou a ascensão de civis aos cargos que foram abertos. Esses cargos foram ocupados principalmente por grandes cafeicultores. Essa nova liderança não agradou os militares, provocando então a Revolta da Armada. Saiba mais sobre esse acontecimento e quais os seus impactos no Brasil.

Esse movimento de revolta de alguns militares foi provocado principalmente por causa da perda de poder que eles tiveram perante a alguns civis.

Tudo isso se deu no período de governança de Floriano Peixoto, por volta de 1893.

Não eram todos os militares que apoiavam a liderança de outros militares. Floriano Peixoto tem um papel fundamental de renovação de um governo marcado pelo domínio militar. Foi ele quem abriu espaço para que grandes cafeicultores pudessem assumir o poder no Brasil.

Para os militares isso foi péssimo porque muitos desses cafeicultores eram ligados ao PRP ou Partido Republicano Paulista. Os soldados da Marinha foram os que mais desaprovaram essa liderança. Pois para eles, a liderança e o poder deveriam estar com os militares.

Foi nesse conflito todo de interesses que surgiu a Revolta da Armada, onde diversas unidades da Marinha se rebelou contra o Exército, afim de devolver o poder aos militares. A seguir você vai saber mais detalhadamente sobre esse movimento.

O que aconteceu antes da Revolta da Armada?

Ao contrário do que se pensa, a Revolta da Armada não surgiu apenas em 1893. Existiram alguns antecedentes lá no ano de 1891, logo no início, quando o até então presidente Marechal Deodoro da Fonseca fechou o Congresso Nacional.

Esse fechamento se deu pela dificuldade e incompatibilidade em se negociar com a bancada dos fazendeiros e produtores do café nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

O Rio de Janeiro foi ameaçado de sofrer um bombardeio pelas tropas da Marinha. Quem liderava essas ameaças era o almirante Custódio José de Melo.

Sendo assim, para evitar que os civis guerreassem e também para preservar o país e os brasileiros, Marechal Deodoro aceitou renunciar.

Assumiu o poder do Brasil então o seu vice, o Marechal Floriano Peixoto. Esse por sinal não convocou sequer nenhuma eleição e assumiu o cargo sem problemas. Acontece que a Constituição previa novas eleições, caso o atual presidente saísse do cargo em menos de dois anos após ser eleito.

Floriano Peixoto por sua vez, alegava que novas eleições não seriam necessárias, pois essa norma da Constituição se referia apenas aos cargos eleitos diretamente. E isso não tinha acontecido com ele e nem com Marechal, que tinham sido eleitos pelo Congresso Constituinte e de forma indireta.

Mesmo tendo a lei a seu favor, Floriano acabou sendo acusado de assumir um cargo de maneira totalmente ilegal.

Foi então que surgiu as primeiras manifestações de oposição em 1892, quando alguns oficiais da Marinha lançaram um manifesto de repúdio, onde eram exigidas novas eleições.

Nesse manifesto, Floriano foi acusado de colocar os brasileiros contra os brasileiros. Além disso, o seu governo foi acusado de diversas fraudes como desvios de dinheiro público implantando uma política de corrupção e subornos.

Revolta da Armada

O foi a Revolta da Armada?

A Revolta da Armada aconteceu exatamente no dia 6 de setembro do ano de 1893, quando um grupo de oficiais da Marinha liderados por Custódio de Melo que era almirante, voltaram para a carga. Custódio ocupava ministérios importantes como o da Marinha e da Guerra, seu principal objetivo era ser Presidente da República.

Compondo esse grupo estava também o Almirante Eduardo Wandenkolk que tinha sido Ministro da Marinha durante o governo de Marechal Deodoro. Ou seja, muitos inimigos declarados de Floriano.

Luís Filipe Saldanha da Gama que era o diretor da Escola Naval da Marinha, aderiu no dia 7 de setembro ao movimento contra Floriano, declarando publicamente ser favorável a volta da monarquia no Brasil.

Além dos escândalos em relação ao governo de Floriano, que não agia como pacificador, aumentando as rivalidades entre as regiões do país, os oficiais da Marinha se sentiam desprestigiados perante os oficiais do Exército.

O Exército inclusive, era a força tanto de Marechal, quanto de Floriano.

Sendo assim, em 13 de setembro a Marinha bombardeou os fortes que eram liderados pelo Exército no litoral fluminense. A frota da Marinha era bem grande, cerca de 16 embarcações de Guerra e 14 navios que foram confiscados de empresas comuns pra dar total apoio as forças rebeldes e revolucionárias.

Por causa desses bombardeios nos fortes de Niterói, a sede do governo foi transferida para Petrópolis, bem longe de todo e qualquer canhão da Marinha.

Foi apenas em 1903 que foi possível o retorno da capital para o litoral de maneira segura. Certamente, essa medida acabaria com a possibilidade de ataques surpresas.

Apoio ao Presidente Floriano Peixoto

Todos que se revoltaram contra o governo de Floriano Peixoto se encontravam na Marinha e recebiam constantes oposições dentro do Exército. Aliás, dezenas de jovens aderiam aos batalhões do exército para apoiar o presidente e não mediam esforços para que isso acontecesse.

Esses jovens eram republicanos e nacionalistas e não tinham o menor problema em usar a violência contra os opositores do governo, principalmente se fossem estrangeiros. Para eles inclusive, era atribuída as conspirações que surgiam contra a República.

A Revolução Francesa era a inspiração para que protestos ruidosos fossem feitos por esses jovens.

Em alguns estados, as elites apoiavam esse presidente, esse fato era notável principalmente em São Paulo, onde o PRP ou Partido Republicano Paulista era muito forte.

O governo de Floriano Peixoto acabou em 1894 quando passou o seu posto para o primeiro presidente civil do país, cujo nome era Prudente de Morais.

A Revolta da Armada trouxe à tona todas as cisões da República jovem brasileira, além das divergências entre Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca e o dissenso entre as Forças Armadas do Exército e da Marinha.


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