Tríplice Aliança: O que foi? Quais países participaram?

A Tríplice Aliança foi um acordo militar e econômico entre Alemanha, o Império Austro-húngaro e a Itália, formado em maio de 1882 e renovada periodicamente a cada cinco anos, até a Primeira Guerra Mundial. Os três países concordaram em apoiar uns aos outros em caso serem atacados pela França ou pela Rússia. A formação da Tríplice Entente, em 1907, por Grã-Bretanha, Rússia e França, reforçou a necessidade dessa aliança.

Contexto Histórico

No final do século XIX e início do século XX, a situação geopolítica na Europa era bastante delicada. Os alemães e italianos estavam descontentes com a partilha dos continentes africano e asiático ao final do processo colonial.

A França havia sido derrotada na Guerra Franco Prussiana e perdido parte de seu território, rico em carvão e minério de ferro, para a Alemanha, e guardavam uma oportunidade de reconquistar o território perdido.

Sabendo disso, o chanceler alemão Otto von Bismarck, criou uma intrincada rede diplomática de alianças e tratados para garantir a paz. Bismarck assumiu corretamente que a política externa francesa seria direcionada para criar condições favoráveis para outra guerra com a Alemanha. Consequentemente, seus esforços foram projetados para manter a França diplomaticamente isolada.

A França e a Grã-Bretanha eram rivais coloniais, e Bismarck contava com essa rivalidade para impedir qualquer cooperação franco-britânica. Em um esforço para manter relações cordiais com os britânicos, ele também se recusou a envolver a Alemanha em qualquer empreendimento colonial.

Além disso havia uma enorme vertente nacionalista dentro da Alemanha de unificar todos os países de origem germânica a fim de criar uma grande nação. Entre os países eslavos, essa vontade também era latente.

Aliança Austro-Alemã

Também conhecida como Aliança Dupla, foi um pacto acordado em 1879 entre Áustria-Hungria e o Império alemão, em que as duas potências se comprometeram a dar apoio em caso de ataque da Rússia, e neutralidade em caso de agressão por qualquer outro poder. Otto von Bismarck, via a aliança como uma forma de impedir o isolamento de seu país e preservar a paz, já que a Rússia não travaria uma guerra contra os dois impérios. A Aliança Dupla seria então ampliada com a adesão da Itália três anos mais tarde.

Tríplice Aliança

Depois de concluir a aliança com a Áustria-Hungria em 1879, a Alemanha procurou melhorar as relações com a Itália, sempre visando o isolamento da França. Os germânicos aproveitaram-se de um desentendimento entre a Itália e a França, que havia antecipado um avanço dos italianos sobre a Tunísia, e Bismark induziu a Itália a concluir uma aliança não só com a Alemanha, mas também com a Casa de Habsburgo, que havia oprimido o povo italiano por muitos anos. Em Viena, em 20 de maio de 1882, a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália concluíram uma aliança secreta dirigida especificamente contra a França e a Rússia. Desde o começo as intenções da Alemanha com a Tripla Aliança, era alcançar uma maneira de ganhar a hegemonia sobre a Europa.

No caso de uma guerra entre a Áustria-Hungria e a Rússia, a Itália prometeu permanecer neutra. Essa foi a condição que os italianos ofereceram antes de selar o acordo da Tríplice Aliança. Essa abstenção teria o efeito de libertar as tropas austríacas que, de outro modo, teriam sido necessárias para proteger a fronteira austro italiana.

Outros países também fizeram parte do acordo

Em 1882, a Sérvia se uniu à aliança, de fato, através de um tratado com a Áustria-Hungria. A Romênia juntou-se ao grupo em 1883, e um poderoso bloco da Europa Central foi criado. Desde o início a Itália não esteve solidamente ligada a qualquer um dos seus aliados como Alemanha e Áustria-Hungria estiveram uns aos outros. Os italianos eram rivais de fato do Império Austro-húngaro nos Bálcãs e particularmente pelo controle do Mar Adriático.

Formação da Tríplice Entente

A Liga dos Três Imperadores teve uma morte lenta, mas em 1890 seus dias acabaram: a Alemanha recusou-se a renovar seu tratado de resseguro com a Rússia, e a Rússia, em consequência, buscou uma reaproximação com a França. Ao mesmo tempo, a França, cara a cara com uma Alemanha cada vez mais poderosa e uma combinação hostil da Europa Central, sentiu grande necessidade de um aliado, e diplomatas franceses começaram a fazer propostas à Rússia para um acordo para contrabalançar a Tríplice Aliança.

O capital francês ajudou projetos russos, especialmente a ferrovia transiberiana, e foram trocadas visitas diplomáticas amistosas. A Aliança Dupla entre os dois países foi reconhecida publicamente em 1895.

A queda de Bismarck, após a ascensão de Guilherme II ao trono do Império Alemão, foi seguida pelo surgimento de políticas externas mais aventureiras. A Alemanha agora se comprometia com a expansão colonial e comercial. O plano alemão para uma estrada de ferro de Bagdá foi visto com alarme pelas potências com interesses no Oriente Médio. A rivalidade comercial alemã com a Grã-Bretanha não só trouxe problemas diretos, mas também alimentou o desejo alemão pelo poder marítimo e uma grande marinha.

A Grã-Bretanha, estava sendo impulsionada por seus interesses a fazer algum movimento em direção à aliança internacional protetora. Houve alguns esforços para conseguir uma reaproximação franco-alemã, mas estes acabaram por não ter efeito. Em 1898 Théophile Delcassé assumiu o controle da política externa francesa. Ele se opunha à Alemanha e esperava uma reaproximação com a Grã-Bretanha, seu objetivo era o isolamento da Alemanha.

A amizade entre a Grã-Bretanha e a França não parecia possível por causa de sua tradicional inimizade e, mais importante, de suas disputas coloniais na África. Além disso, a Grã-Bretanha e a Alemanha eram amigos tradicionais e os dois países estavam ligados por laços dinásticos e culturais.

Embora a Grã-Bretanha e a França estivessem à beira da guerra sobre o Incidente de Fachoda em 1898, o assunto foi resolvido e o caminho aberto para novos acordos entre os dois poderes. Embora não houvesse aliança, um entendimento amigável aconteceu em 1904.

As rivalidades coloniais entre a Rússia e a Grã-Bretanha se estendeu por anos. Mas após a derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa, e depois que Sir Edward Grey ganhou influência no Ministério das Relações Exteriores, a Grã-Bretanha veio a favorecer um acordo amigável com os russos. Isso foi finalmente alcançado na entente anglo russa de 1907. Esse acordo criou o grupo internacional que se opunha à Tríplice Aliança com França, Grã-Bretanha e a Rússia, formando a Tríplice Entente.

Queda da Tríplice Aliança

Os interesses da Itália há muito divergiam da Tríplice Aliança. Já em 1902, um acordo franco italiano sobre o norte da África havia sido alcançado em um tratado secreto. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, tanto a Itália quanto a Romênia se recusaram a se juntar às Potências Centrais.

A Tripla Aliança chegou ao fim em 1914, quando a Itália emitiu uma declaração de neutralidade. Depois de muita negociação secreta, a Itália em 1915 juntou-se aos Aliados, e no ano seguinte a Romênia fez o mesmo.

A Alemanha e a Áustria-Hungria obtiveram novo apoio no Império Otomano (Turquia) e na Bulgária. A guerra inaugurou um novo período diplomático, com novos alinhamentos diplomáticos, e tanto a Tríplice Aliança quanto a Tríplice Entente recuaram para a história.