O Saci-pererê é uma das figuras mais populares do folclore brasileiro. Na grande maioria das histórias, trata-se de um rapaz negro, com apenas uma perna, que gosta de fumar cachimbo e aprontar travessuras.
Ele possui uma carapuça vermelha, que garante a ele certos poderes mágicos e que não pode ser perdida. Em algumas versões, ele é capaz de fazer redemoinhos, por onde transporta-se ou simplesmente o utiliza para gerar confusão.
O Saci-pererê é um personagem das matas e das fazendas desde o período colonial, e possui uma infinidade de versões a seu respeito. Pode ser maléfico ou simplesmente brincalhão, a depender da versão da história, e é presente na cultura brasileira há séculos.
Saiba mais sobre a lenda do Saci-pererê, sua origem e curiosidades:
As lendas do Saci-pererê
Falar sobre o Saci-pererê exige reconhecer a grande variedade de versões a seu respeito. Travesso ou maléfico, o personagem apresenta algumas características comuns em praticamente todas as versões. Uma constante, é que ele gosta de aprontar peças para animais e pessoas – especialmente nas zonas rurais.
Entre as travessuras tipicamente atribuídas a eles, amarrar os pelos dos animais, mover objetos de locais e assustar viajantes durante a noite estão entra as favoritas. Além disso, o Saci gosta de atrapalhar na rotina das casas próximas ao local onde vive, queimando o leite, a comida e trocando as coisas de lugar.
Em diversas versões, o Saci-pererê também é um guardião da mata e das plantas. Ele conhece os usos das ervas, e rejeita que as pessoas as coletem sem a devida permissão. Em alguns locais do Brasil, era comum pedir a “autorização” para o Saci para pegar alguma planta da mata.
Fala-se que o Saci nasce no broto do bambu, onde vive durante sete anos. Sai da planta para viver mais setenta e sete aprontando suas travessuras. Algumas versões contam que, ao morrer, o saci transforma-se em um cogumelo venenoso para pregar uma última peça.
Em diversos locais, o Saci-pererê é considerado maléfico, e muitas pessoas no interior do Brasil, ainda hoje, sentem medo do ser. Seus poderes mágicos estão concentrados no gorro vermelho, e é possível capturá-lo ao atravessar uma peneira pelo redemoinho que ele cria. Quando for pego, o Saci deve ter o gorro retirado, e – em algumas versões – é possível prende-lo em uma garrafa.
A origem do Saci-pererê
A origem do Saci-pererê é diversa. Sabe-se desde os períodos coloniais que algumas tribos indígenas do sul do Brasil possuíam uma história mais ou menos semelhante, que seria incorporada pelos colonizadores e adaptadas com o tempo.
Inicialmente, o Saci possuía as duas pernas e, até mesmo, um rabo. Com o processo de colonização e a adoção da mão de obra escrava, a história adaptou-se para um garoto negro, que havia perdido uma de suas pernas e fumava cachimbo.
Seu gorro vermelho é fruto da influência portuguesa, onde há a lenda do Trasgo, que também possui seu gorro de mesma cor, que lhe garante poderes mágicos. Todas essas influências tornam o Saci-pererê tão simpático à nossa cultura, pois reúne um pouco de cada parte responsável por formar o Brasil.
Desde 2005, há o “Dia do Saci” instituído no calendário brasileiro. Trata-se do dia 31 de outubro, como uma forma de nacionalização e conscientização da riqueza do folclore brasileiro.
Existe versão correta?
Quando falamos de uma lenda do folclore, é muito comum que cada região apresente uma versão um pouco diferente sobre aquela história. O folclore é um conto do povo, que reflete seus medos, crenças e interpretações do mundo – por isso, é comum que haja diversas versões sobre uma mesma história.
Todas as versões sobre uma lenda estão corretas, pois refletem aspectos específicos do local onde foram contadas. Essa variedade conta a história de diferentes povos, e deve ser tão celebrada quando a lenda original em si. Valorize as diferentes versões do folclore!
Comentar