A explosão cambriana foi um período decisivo para que as formas de vida que conhecemos hoje pudessem existir. Isso porque, antes dela, especialmente a fauna era composta por organismos muito menos complexos.
Entretanto, este período ainda é alvo de muitas discussões. E um dos cientistas mais renomados da história, Charles Darwin, o responsável pela teoria da evolução, chegou a inclusive discordar da ideia de uma “explosão”. Isso porque ele considerava muito difícil a existência de um evento que pudesse ter proporções tão grandes e marcantes assim em um espaço relativamente pequeno de tempo.
Neste texto, vamos discutir a explosão cambriana, entender mais ou menos como ela ocorreu, quais são as principais teorias ao redor dela e como tudo isso afetou – e afeta – a vida no nosso planeta.
Por isso, continue a leitura para saber mais e tire as dúvidas a respeito da importância da explosão cambriana.
Como ocorreu?
Essa é, provavelmente, uma das questões mais discutidas entre os cientistas que se especializam na explosão cambriana. Principalmente porque até hoje, não há uma conclusão unânime sobre como ou porque este evento realmente ocorreu.
A evolução costuma ser tratada como um fenômeno que ocorre gradualmente, ao longo de um período relativamente extenso de tempo. No entanto, a explosão cambriana recebeu este nome justamente porque, ao contrário da história anterior do nosso planeta, a evolução parece ter acontecido muito mais rápido.
Isso porque enquanto ela aconteceu, a fauna (ou seja, a vida animal) parece ter evoluído muito mais rapidamente do que era capaz anteriormente. As teorias mais aceitas até então podem seguir por alguns caminhos diferentes, que vão desde mudança ambiental até competição de predadores.
Quando arqueólogos começaram a encontrar evidências da existência deste período, Charles Darwin chegou a cogitar que poderia ser um engano. Segundo ele, ao longo do tempo, seria possível datar os fósseis com mais precisão e eles mostrariam um espaço maior de tempo entre as evoluções. Ele ainda alegava que isso também ajudaria a compreender melhor a evolução gradativa, que funcionaria mais de acordo com as suas teorias anteriores. Entretanto, muitos anos se passaram desde então, o que parece contradizer as convicções do cientista.
A explosão cambriana, portanto, parece realmente ter acontecido. Mas antes de falar dela com mais detalhes, é importante lembrar como a Terra era antes dele.
Período pré-cambriano
Muito do que conhecemos os passado da Terra é devido aos fósseis, que estão sedimentados em rochas. Esse registros de um tempo anterior ao nosso, os ajudam a compreender como ocorreu a evolução e ter uma ideia das formas de vida de épocas distantes. 90% de todo o registro geológico que temos conhecimento é composto por camadas que representam justamente o período pré-cambriano. O que nos leva a crer que esta foi uma época muito longa e de poucas mudanças.
A era pré cambriana a durou desde a formação da Terra, até cerca de 570 milhões de anos atrás. Ou seja, foram bilhões de anos desde seu início, até o início da explosão cambriana. Portanto, não é à toa que tanto do registro geológico seja seja composto de rochas que datam deste período. Ele é, inclusive, considerando o de maior duração entre todos os períodos geológicos.
Este é, basicamente, o início da vida na Terra. Foi no pré-cambriano em que a camada de ozônio foi formada, assim como também é considerado um período onde as primeiras células se formaram. Outra marca importante é que foi ao final do período pré-cambriano que os organismos começaram a se dividir por sexo. E a graças a isso, que provavelmente foi possível a grande explosão cambriana.
Principais mudanças
Graças às modificações que o planeta sofreu no final do período pré-cambriano, novas formas de vida que começaram a surgir. Assim houve também a possibilidade de abertura para uma nova fase da evolução. Com as mudanças que ocorreram na camada de ozônio, nos oceanos e nas camadas tectônicas, por exemplo, a vida não se tornou apenas possível, como também se provou capaz de evoluir.
Os pesquisadores não sabem, ainda hoje, apontar um fator exato que proporcionou essas grandes mudanças. No entanto, acredita-se que é justamente a soma de diversos fatores que permitiu a possibilidade da explosão cambriana.
Graças a ela, há mais ou menos 542 milhões de anos atrás, a vida se tornou mais complexa do que os organismos que existiam até então.
Corpos complexos
Esqueletos e exoesqueletos, por exemplo, não eram comuns. Diversos fatores podem ter mudado isto:
- Mudança de temperatura das águas
- Mudança das placas tectônicas
- Maior incidência de litorais
- Competitividade de predadores
Entre outras modificações que possivelmente contribuíram para uma maior incidência da evolução relativamente rápida das espécies. Os animais começaram a desenvolver corpos mais complexos (simetria bilateral, por exemplo) e mais fortes, agora que o ambiente proporcionava um desenvolvimento pleno de colágeno e cálcio.
Predadores passaram a desenvolver membros, olhos, se movimentar mais rápido. Isso possivelmente aconteceu devido a alterações químicas que tiveram grande efeito sobre a atmosfera e sobre os oceanos, onde a vida realmente começou.
No entanto, é importante lembrar que apesar do termo “explosão” e de Charles Darwin ter inicialmente se mostrado oposto à possibilidade de que ela existisse, isso não anula completamente a ideia de evolução. Se comparada a toda era pré-cambriana, a explosão cambriana realmente aconteceu de uma forma relativamente rápida. No entanto, as condições do planeta possivelmente foram as responsáveis por isso. Ou seja, o fato de ter acontecido mais rápido não descarta, de forma alguma, a teoria da evolução.
Mas foi apenas após a explosão que animais artrópodes e vertebrados surgiram. Alguns artrópodes, inclusive, ainda muito semelhantes aos que vemos hoje em dia. Porém, ainda há um grande debate na comunidade científica para tentar compreender como, exatamente, o planeta mudou tanto de uma única vez para propiciar o aparecimento de tantas formas de vida complexas em um espaço de tempo considerado tão pequeno para os padrões.
Considerações finais
Apesar de inicialmente contestada por um cientista tão importante quanto Charles Darwin, responsável pela teoria da evolução, a explosão cambriana já foi aceita pela maior parte dos cientistas modernos. Sua existência não é apenas incontestável, de acordo com as provas que temos hoje.
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