Existe um local da Terra que é perfeito para aqueles que gostariam de sumir do mapa, de se manterem longe da civilização por algum tempo, de se manterem fora da vista de qualquer ser vivo. Ou não, pois esse local também é fonte de lendas urbanas sobre um suposto ser formidável, previsto na cabeça de um gênio criativo, que habitaria as profundezas dessa área tão erma e inacessível do planeta. Estamos falando do Ponto Nemo ou Polo da Inacessibilidade do Pacífico.
Do que se trata exatamente esse Ponto Nemo, como e quando foi descoberto, por que recebe esse nome e de onde surgiu essa história de monstro extraordinário que supostamente estaria enfurnado nas profundezas desconhecidas desse local?
Essas dúvidas a respeito do Ponto Nemo serão tiradas a seguir nesse post.
Ficou curioso sobre esse tal Ponto Nemo ou Polo da Inacessibilidade do Pacífico?
Prossiga na leitura!
O Ponto Nemo
Trata-se da região mais afastada da humanidade dentro do planeta Terra. Fica a 2.700 km da região habitada mais próxima e a 1.600 km das ilhas Mahé (Antártida), Motu Nui (também conhecida como Ilha de Páscoa) e das ilhas Ducie (Pitcairn).
Também é conhecida como Polo da Inacessibilidade do Pacífico por se situar no meio desse oceano.
E como se sabe que é o local mais afastado?
O Ponto Nemo só foi possível de ser descoberto graças ao refinamento da tecnologia do último século, pois em tempos primitivos era impossível fazer os cálculos corretos e chegar a uma conclusão sobre qual seria a localidade de maior distância de terra habitável.
Isso só pôde ser feito em 1992 pelo croata-canadense Hrvoje Lukatela, engenheiro que desenvolveu na época um programa de computador de cálculo que pôde implantar a forma elipsodial da Terra.
Com esse recurso, conseguiu coordenadas exatas para descobrir qual seria o ponto mais distante da Terra.
Para quem tiver curiosidade de descobrir por conta própria onde fica exatamente o Ponto Nemo, as coordenadas são as seguintes:
- 48°52’6″S 123°23’6″ W.
A explicação do nome
Chama-se Ponto Nemo por dois motivos.
A versão popular e dedutível para os aficionados pelo mar e por tudo que envolva esse universo, inclusive livros, revistas, jogos, é a referência ao capitão Nemo de Vinte Mil Léguas Submarinas, clássico literário escrito por Julio Verne.
Mas há também outra razão de ter-se nomeado região tão isolada de qualquer contato humano e muito pouco em relação a vida animal, já que na região as marés que chegam são pobres em nutrientes e os ventos não conseguem transportar matéria orgânica tamanha é a distância do Ponto Nemo das áreas habitadas, o que reduz sobremaneira a vida marinha animal na região.
Essa segunda razão tem a ver com o latim, que tem no termo o significado de “ninguém”. Nada mais apropriado em recanto tão solitário onde não se é possível ver, em nenhuma das direções na qual se lance olhar, quaisquer formas de vida.
O espaço é mais perto
Falando em números frios, as pessoas podem não ter dimensão de quão inacessível é o Ponto Nemo. A curiosidade que desperta definitivamente o senso de distância, de isolamento, desse trecho do planeta, é o informe de que a Estação Espacial Internacional está mais próxima do Ponto Nemo do que o habitante em terra firme mais próximo do local.
Como apontado acima, o Ponto Nemo fica a 2.700 km da região habitada mais próxima, a Nova Zelândia. Já a Estação Espacial orbita a 416 km da Terra. Ou seja, a distância na vertical acaba sendo menor do que na horizontal. Impressionante, não?
Entulho espacial
Por ser região tão inabitável, erma, distante do que é concebível para a maioria em terra firme e habitável, as agências espaciais concluíram que se trata de um ótimo lugar para despejar o lixo espacial, as peças que acabam se tornando sem serventia, inutilizadas.
Como não é uma boa prática simplesmente abandoná-las no espaço, pois podem formar nuvens de detritos com potencial de prejudicar a visibilidade e até a navegação de outras espaçonaves, achou-se por bem abandoná-las em local que interferisse o mínimo possível no ambiente das pessoas e de animais marinhos. A descoberta de Lukatela foi providencial nesse sentido.
O interessante desse descarte de material espacial no Ponto Nemo que, assim como ocorre com o naufrágio de embarcações, esses restos no fundo do mar tende a se tornarem locais de habitats por qualquer ser vivo que exista nessas profundidades.
Aberração nas profundezas
A maior lenda relacionada ao Ponto Nemo, sem dúvida, está relacionada ao monstro marinho de enormes tentáculos, de nome Cthulhu, que surgiu por meio da escrita inquietante de H.P Lovecraft, um dos grandes escritores do gênero terror e que teve uma vida sofrida e breve.
Mas como se relaciona um monstro da fantasia com o Ponto Nemo?
As especulações começaram quando se captou nas profundezas desconhecidas dessa região, por meio de microfones de profundidades, o que veio a ficar conhecido entre os especialistas da área como som Bloop.
Por muitos anos, não foi possível detectar a causa de um som estarrecedor oriundo das profundezas do Ponto Nemo. Tal a magnitude do som, de fato não poderia ser tratada como total absurdo que algum ser vivo enorme fosse o emissor do ruído desconcertante.
Logo a associação com o Cthullu foi feita pelos leitores de Lovecraft que passaram a disseminar a lenda de que o monstro habitaria as profundezas do Ponto Nemo e seria o causador desse som misterioso.
Mas por que simplesmente resolveram acreditar que se tratava desse monstro específico? Por que não apontar outros monstros famosos como o Godzilla?
Essa associação direta com a criação do Lovecraft não se deu de forma gratuita, mas devido ao fato de que o escritor é tido como visionário por praticamente ter acertado as coordenadas do Ponto Nemo ao localizar a cidade fictícia de R’lyeh, cidade onde o citado Cthullu habita dentro do seu universo ficcional.
Mas anos depois foi descoberto que a fonte do som Bloop se tratava não do deslocar de algum monstro desconhecido, mas de um tremor provocado por um iceberg gigante.
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