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Panótia: um desconhecido supercontinente

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A história do planeta Terra é composta por muitos eventos que ainda precisam ser compreendidos e explicados. A possível existência de Panótia é um destes casos que dividem opiniões de cientistas e leigos que buscam dados definitivos que possam comprovar ou refutar este supercontinente que teria sido importante no processo de transformação do planeta.

Para muitos Panótia ainda é uma teoria que carece de mais evidências que comprovem a sua existência. Já para outros estudiosos, incluindo muitos geólogos, as descobertas recentes permitem afirmar que Panótia existiu e fez parte de um período importante da história do planeta, no qual mudanças nas placas de massas que formam a crosta terrestre foram fundamentais para definir o formato dos continentes.

Vamos entender porque a existência de Panótia ainda é tida como controversa, conhecer algumas das evidências que apontam para a existência deste supercontinente que ainda é desconhecido e tema de muita discussão.

Panótia: teoria ou realidade?

A primeira vez em que se ouviu falar sobre a Teoria de Panótia foi em 1997, quando o professor e geólogo escocês Ian W. D. Dalziel apresentou uma teoria que propunha uma nova abordagem sobre a história dos supercontinentes que existiram em nosso planeta. As ideias de Dalziel ajudaram a detalhar e reunir informações de diversas pesquisas que, nos anos 80, já apontavam para a possível existência de outro supercontinente, além daqueles conhecidos até então.

Até então, acreditava-se que antes da formação do supercontinente Pangea teria existido um outro que o antecedeu, chamado Rodínia. Porém, segundo a proposta do cientista, no período entre estes dois supercontinentes poderia ter existido um outro, cerca de 600 a 540 milhões de anos atrás, que recebeu o nome de Panótia.

Segundo suas pesquisas, Dalziel constatou que existe um movimento cíclico, que ocorre em intervalos de cerca de meio milhão de anos, e que provoca aglutinações e posterior separações das camadas continentais. Este movimento é descrito através da teoria do ciclo supercontinental que explica a aproximação e separação dos continentes.

Esta movimentação dos continentes, que se reúnem e depois se separam, influenciou a formação dos oceanos, a composição da atmosfera e o desenvolvimento da vida no planeta. Alguns cientistas afirmam que até o magnetismo da terra sofre influência destas movimentações periódicas dos continentes.

Muitos estudos geológicos têm apontado eventos que comprovariam a existência deste supercontinente, porém a dificuldade em determinar o período exato em que Panótia teria surgido e quando teria se separado, levam os críticos da teoria a duvidarem de sua existência. Para eles, os dados apontados como prova seriam na verdade comprovação da formação de Pangea.

Já para os defensores de Panótia, as evidências geológicas que existem até hoje, como rachaduras que indicam a separação de continentes evidenciam que o supercontinente realmente existiu e influenciou na formação do planeta.

Panótia

Panótia: evidências que reforçam a tese do supercontinente

As pesquisas para revelar a existência, ou não, do supercontinente Panótia utilizam diversas técnicas e estratégias diferentes para analisar possíveis evidências geológicas que resistiram ao tempo e também estudando fósseis e mudanças climáticas.

Segundo a teoria do ciclo supercontinental, montanhas e outras formações rochosas são resultado dos processos de movimentações e colisões entre os continentes. Já as rachaduras, fissuras e fendas teriam surgido devido às rupturas geradas pela separação das placas continentais.

Da mesma maneira, o formato dos oceanos e até a química dos mares, seria resultante destes movimentos e assim, a formação e dissolução de Panótia teria tido um papel essencial neste processo que mudou a face da Terra.

Os estudos também têm buscado relacionar a existência de Panótia sobre a existência, migração e extinção de antigas espécies de animais e plantas. Segundo os pesquisadores, o período em que Panótia existiu teria sido marcado por profundas mudanças climáticas que mudaram as condições para existência de vida. Assim, muitos animais e plantas teriam perecido enquanto os mais adaptáveis foram bem-sucedidos.

A separação de Panótia, em outros continentes menores, também teria provocado a migração de várias espécies que passaram a viver em condições climáticas e ambientais totalmente diversas, provocando a necessidade de novas adaptações.

As descobertas mais recentes revelam aquilo que, para os defensores de Panótia, deve ser a prova definitiva da existência do supercontinente. Trata-se de fragmentos de um continente que repousaria sob o fundo do Oceano Índico.

Ao se separar, Panótia teria deixado pedaços de sua massa terrestre enterrados sob o mar e que somente agora estão sendo compreendidos como parte de um continente que já existiu. Estas evidências surgiram a partir de estudos sobre o movimento de divisão tectônica que afastou áreas localizadas entre a Índia e Madagascar.

Hoje afastadas por grandes oceanos, estas regiões já foram próximas e ao se separarem teriam deixado rastros de terra sob o Oceano Índico. Estas indicações surgiram quando os cientistas pesquisavam restos de uma explosão vulcânica, que ocorreu há uma dezena de milhões de anos atrás, em um pequeno país da região chamado Ilhas Maurício, foi lá que uma nova descoberta despertou a hipótese de terem encontrado resquícios do que antes fora Panótia.

Os estudos mostraram que nos resquícios destas erupções existiam elementos minerais que só poderiam ter sido formados muito antes do que o período em que as explosões ocorreram. Ao observar a região sob esta nova ótica, percebeu-se uma grande faixa de terra que seria a evidência definitiva da existência de Panótia.

Estes achados foram elementos chamados de zircões, que apesar de terem sido encontrados nem praias da região, normalmente somente são vistos em áreas de crosta de continentes. Além disto, os zircões são elementos naturais muito antigos.

A confirmação final, da existência do supercontinente, ainda depende de vários estudos que fornecerão imagens mais precisas desta área. Análises sísmicas da região também podem contribuir para entender como a região foi formada e, principalmente se ela é resultado da cisão do antigo supercontinente.

Estas descobertas apontam que, provavelmente, existem outras extensões de terra que um dia foram parte de Panótia e que hoje estejam no fundo de outras partes dos oceanos.

A existência deste supercontinente desperta controvérsia e curiosidade. A resolução deste enigma nos dará mais informações valiosas sobre a formação e evolução do nosso planeta.


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