Sabe aquela brincadeira que costumamos fazer sobre o Tico e o Teco, que algumas vezes não estariam funcionando muito bem? Pois trata-se de simbologia simples, porém, sincera sobre o nosso estado de espírito ou nossa própria disposição para o dia. Só que o Tico e o Teco simplificam demais um sistema tão operoso e complexo, representado por cerca de 85 bilhões de ticos e tecos – este é o número de neurônios que, em média, temos no nosso sistema nervoso, do cérebro aos nossos membros.
Isso mesmo. Você achava que a famosa ‘massa cinzenta’ do nosso corpo concentrava-se apenas na cabeça, no cérebro? Ledo engano. Nossa massa cinzenta tem seu controle químico-físico no cérebro, mas, está espalhada por todo nosso corpo.
Tão pequenos e tão complexos
Do contrário, não poderíamos ter toda nossa movimentação e nossos reflexos a partir dos órgãos que constituem nosso corpo e nosso sistema orgânico. Uma coisa é absolutamente certa e já provada em muitas pesquisas científicas e testes em laboratório: não existe – ou ainda não foi descoberta – máquina mais perfeita, dinâmica e complexa que o nosso cérebro e todo seu sistema nervoso, espalhado por todo o corpo.
Esse é o nosso sistema de ‘inteligência’, em que os neurônios são as células nervosas. São entes microscópicos e tão pequenininhos que é impossível vê-los sem um potente microscópico de laboratório científico.
Dendritos levam tudo ao corpo todo
Os neurônios, como unidades estruturais básicas do sistema nervoso, são compostos por três distintos componentes morfológicos: os dendritos, o corpo celular (também chamado de pericário) e o axônio. Tudo gira em torno do pericário, onde também está o núcleo e de onde ramificam-se os dendritos e os axônios, que vão se esparramar por todo o corpo.
Cabe aos dendritos, numerosos prolongamentos que vão se afinando conforme afastam-se do corpo celular ou pericário, a tarefa importante de receber os estímulos que vêm de diversos órgãos, das células epiteliais sensoriais ou até mesmo de outros neurônios.
Massa cinzenta por todo o corpo
O corpo celular (pericário) é o centro do neurônio e também recebe estímulos, enquanto o axônio faz a condução dos impulsos físico-químicos responsáveis por transmitirem as informações desde o neurônio a outras células, incluindo outros neurônios. Como já dito, as atividades físico-químicas dos neurônios ocorrem por todo o corpo, embora concentradas no cérebro.
Como os nervos estão espalhados por todo o corpo, até os dedos dos pés, sob a forma de feixes de axônios, estas fibras nervosas dividem-se e tornam-se mais finas na medida em que se afastam do cérebro e da medula espinhal. Através da medula, também espalha-se pelo corpo a massa cinzenta que leva os neurônios para receberem os impulsos e retornarem sob a forma de ações do nosso corpo.
A todo instante, mensagens ao cérebro
É realmente um pouquinho complicado. A massa cinzenta não fica apenas no cérebro, mas, também espalha-se pelo corpo através da parte interna da espinha, na medula e também nos gânglios, que são pequenos nódulos que estão espalhados em torno da espinha corporal. Esta massa cinzenta é ativada, ou incentivada a agir, a partir de impulsos que vêm dos órgãos responsáveis pelos nossos sentidos.
Estes órgãos enviam mensagens através do nariz (olfato), olhos (visão), ouvidos (audição), boca (paladar) e tato, através de órgãos sensitivos como pele e ponta de nossos dedos. Quando estas mensagens chegam ao cérebro, instantaneamente saem ordens para que todos nossos órgãos ou membros reajam de acordo com cada caso.
A sinapse faz o processamento
É o sistema nervoso que leva estas mensagens até o cérebro, através dos neurônios denominados sensoriais. Então entram em ação os neurônios motores e carregam de volta novas mensagens, desta vez do cérebro aos nossos vários órgãos do corpo. Tudo em instantes, décimos ou milésimos de segundos.
Todo este processamento físico-químico ocorre através da sinapse, que são zonas de contato ativas que se comunicam desde um local da célula nervosa até outras células musculares, células glandulares ou até outros neurônios.
Milhões de informações em instantes
O processamento dessas informações, em instantes, é carregado por todo o corpo pelos axônios, que são longos, compridos e finos, exatamente para garantir o transporte das ordens e informações do cérebro aos demais sistemas e, destes, de volta ao cérebro. Os estudos, altamente complexos, têm demonstrado que os axônios comunicam-se com as células mais próximas, transmitindo as informações, numa relação de uma informação para cada 50 mil células, instantaneamente.
Parece uma loucura tudo isso. E veja a quantidade de informações. Se você quer soltar um UI! por ter sido picado por um mosquito, essa informação sai do seu braço (local da picada) e corre pelos axônios e outras células nervosas até o cérebro e, no mesmo instante, retorna para sua laringe para que suas cordas vocais larguem o som, digam UI!
No instante seguinte, para novo comentário (“um mosquito me picou”), novas informações são trocadas desde seus olhos, seu cérebro, outra vez laringe e, enfim, milhares, milhões de células e músculos são ativados em questões segundos, um único instante. Trabalha mesmo esse cérebro e todo seu sistema nervoso, não é mesmo? Trabalha muito, sim.
É preciso preservar os neurônios
E todo esse trabalho tem um preço. As células cerebrais e seu sistema nervoso são as únicas que não podem se regenerar em caso de destruição. A pele, por exemplo, se refaz quando você sofre um corte e se fecha, ficando aquela cicatriz.
Isso não ocorre com as células cerebrais que, repita-se, não se reproduzem ou se refazem. A cada instante, células cerebrais são destruídas por diferentes motivos, inclusive por nossa má alimentação. Não chegamos a sentir falta delas no mesmo instante, porque são substituídas por outras. Veja, substituídas e não refeitas. O álcool, por exemplo, é um grande destruidor de células cerebrais.
Na medida em que nos aproximamos do final da vida, aí sim começamos a sentir a falta daquelas células que fomos destruindo ao longo da vida devido a maus hábitos, como o exagero nas bebidas alcoólicas. Por isso, também, é importante a prática de exercícios cerebrais, que ajudam a manter os neurônios e, o que é muito importante, que sejam menos destruídos.
Manter ao máximo possível os nossos neurônios é vital e de importância capital para a vida, especialmente lá no final dela. Ao destruí-los, apressamos o nosso fim.
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