O conceito de identidade cultural refere-se à formação da identidade do sujeito em relação ao seu contexto cultural. Em outras palavras, podemos definir a identidade cultural através da forma como um indivíduo vê o mundo e como se posiciona em relação a ele.
O conceito de identidade cultural é bastante discutido pelos estudiosos e teóricos das Ciências Sociais em face de sua complexidade. A identidade cultural de um indivíduo está diretamente ligada com as experiências vividas por ele. Neste sentido, há um processo donde a identidade cultural começa a ser moldada no momento de nascimento, e está em constante evolução até a morte deste sujeito.
Como a identidade cultural é formada?
Os valores e as normas que estão ligados a uma cultura dentro de uma sociedade ou comunidade comum podem variar, estar em constante processo de evolução, ou ainda, até mesmo serem contraditórios: alguns grupos de indivíduos podem basear suas experiências de vida em sua religiosidade, enquanto outros se baseiam em uma visão puramente científica do mundo.
Assim sendo, os valores relacionados à identidade cultural preenchem os espaços de intermédio entre a realidade “interior” e a realidade “exterior”, ou ainda, entre a dimensão privada e a dimensão pública.
Nesse processo continuo e perpétuo, ao mesmo tempo em que projetamos nossas particularidades sobre a nossa dimensão interior (desejos, vontade ou ações individuais), também internalizamos a dimensão exterior (valores, normas, língua, entre outros).
Entendimento sociológico
Para a Sociologia, a cultura é formada por um conjunto de características que o sujeito aprende em seu convívio social, com sua família e os demais indivíduos que fazem parte do seu cotidiano. Contudo, durante muito tempo, o conceito de identidade cultural não foi devidamente problematizado nos estudos das ciências humanas.
No desenvolvimento das sociedades modernas, muitos teóricos começaram a estudar e compreender o enorme “perigo” que havia no avanço das transformações econômicas, tecnológicas e políticas em relação a determinados grupos sociais. Assim sendo, muitos destes teóricos, principalmente os folcloristas defendiam que seria necessária a preservação de certas práticas e tradições, para preservar os grupos afetados pela transformação da sociedade.
Em contrapartida, o próprio conceito de identidade cultural começou a ser questionado por algumas teorias culturais desenvolvidas no campo das ciências humanas. De acordo com este novo conceito, na tendência do desenvolvimento global, a identidade cultural não pode ser entendida como um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o sujeito e os grupos de seu meio social.
Assim sendo, é fundamental haver a compreensão de que nossa cultura não é algo fixo ou imutável. Ela está em constante evolução e mutação de acordo com as experiências vividas por um indivíduo em sociedade.
A cultura líquida
Neste sentido, autores como Zygmunt Bauman, mostram que nossa cultura é tão mutável que pode ser comparada a liquidez da água. Segundo Bauman, a ideia de “liquidez social” é formada a partir de observações de vários processos sociais.
No “choque cultural”, de acordo com o autor, diversas sociedades de culturas diferentes passam a ter contato e a conviver com suas diferenças, donde ocorre o processo de “aculturação”. Nessa convivência, entre as diferentes sociedades, ocorre a absorção de diversas características culturais de cada grupo.
Através desta nova forma de compreensão dos grupos sociais, antigos problemas que organizavam os estudos culturais perdem a sua força. A antiga separação que havia entre “cultura popular” e “cultura erudita”, por exemplo, deixa de legitimar a identidade cultural de um grupo especifico.
Assim sendo, antigos temas relacionados à cultura que estavam esquecidos, começaram a ser revistos pelos estudiosos da área. As identidades passaram a ser entendidas através de definições mais flexíveis. Diversos estudos vão contra a ideia de que uma população deve proteger sua cultura dos estrangeiros, para garantir de todas as formas possíveis a sua identidade.
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